Certezas e incertezas
COM ESTA ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA, O BENFICA PARTE COMO FAVORITO A SER CAMPEÃO EM 2022/23
SE AINDA RESTASSEM SAUDADES DE LUÍS FILIPE VIEIRA (DUVIDO), FORAM APAGADAS COM A BORRACHA MAIS PODEROSA QUE É A CONQUISTA DO 38. E RUI COSTA NÃO VAI DESINVESTIR DO PROJECTO DESPORTIVO
O Benfica demorou até ao último jogo para consagrar o óbvio: foi um campeão justo com percurso muito melhor e mais seguro que os seus adversários. Apesar de algum cansaço nas jornadas finais, daquele turbulento Janeiro por culpa da hipocrisia de Enzo Fernández e dos diversos casos judiciais que continuam a salpicar a reputação do emblema, os encarnados apresentaram uma dinâmica que os rivais não conseguiram igualar.
Responsável máximo,
Roger Schmidt, sem deixar de realçar essa aposta firme de Rui Costa e Lourenço Pereira Coelho que muitos consideraram de risco pelo ‘liliputiano’ palmarés do alemão. A começar pelo rei da azia, Luís Filipe Vieira, que logo no início da temporada lançava minas e armadilhas para torpedear a liderança do seu sucessor. Dis- se, então, o antigo industrial de pneus que se fosse ele o pre- sidente escolheria um técnico português e com isso avolumou o teor das dúvidas dos mais cépticos sobre a contratação de Roger Schmidt. Agora, o título obriga-o a um silên- cio até à próxima oportunida- de de dar uma bicada, pois saudades dele, se ainda restassem (duvido), foram apagadas com a borracha mais poderosa que é a conquista do 38.
Este triunfo é a pedra basilar do futuro.
Rui Costa olha- rá com cuidado para os números da SAD mas não irá de- sinvestir do projecto desportivo, porque só continuando a ganhar e a manter o acesso ao novo formato da Champions acentuará o fosso para a concorrência. Com esta orientação estratégica, o Ben- fica partirá como principal favorito a ser campeão em 2023/2024, até porque o pano- rama para os outros dois grandes não pode ter pinceladas de optimismo.
O FC Porto está sem liquidez
e se perder Sérgio Conceição entra num buraco negro de incertezas. Muito mais fraco porque o treinador tem sido a trave-mestra da competência e o seu génio táctico tem tapado uma série de buracos que a estrutura não conseguiu evitar. A ambição vai morar lá, Pinto da Costa, mesmo de provecta idade, é sempre Pinto da Costa mas sem o seu aliado gladiador para todos os combates, o dragão poderá partir sem uma asa e muito menor capacidade de expelir o fogo que assusta quem o enfrenta.
No Sporting, que naufragou numa época
pessimamente planeada, mostrando a espaços muito curtos bons momentos enquanto se perdia noutros horríveis, o trágico quarto lugar alcançado e o triste pecúlio de zero troféus no futebol obriga o clube a vender. Ugarte já está, segue-se Gonçalo Inácio mas o investimento no mercado vai ser curto. Ficando assim Ruben Amorim descamisado e com limitadas armas para bater o pé aos rivais. É um cenário desanimador, mas recorde-se que foi em tempo de expectativas baixas que se saboreou o título que fugia há 20 anos. Contudo, Ruben Amorim sabe que está mais enfraquecido e sem margem para errar outra vez. * Texto escrito com a antiga ortografia