SENHOR DO NORTE RETOMA A GLÓRIA
A vitória acabou com o jejum e lançou as sementes de um ciclo hegemónico
O jejum ia longo. Ao cabo de investimentos avultados no reforço da equipa, só em 1976/77 os dragões acertaram na contratação: fizeram regressar José Maria Pedroto, depois de sete anos com resultados extraordinários no V. Setúbal e no Boavista. O mestre, para lá de génio, era uma referência do FC Porto. Reforçou-se com algumas figuras do campeonato português, levou um ano a adaptar a equipa às suas ideias e quando achou que tinha as condições reunidas anunciou a candidatura ao título que escapava desde 1959. A carreira portista suportou o início de um ciclo no futebol nacional. A equipa era fortíssima e uniu-se ao apelo da cruzada contra o centralismo lisboeta, lançado por Pedroto e Pinto da Costa, entendido como causa comum. O principal adversário dos azuis e brancos foi o Benfica, conjunto mais estrito, menos goleador mas com defesa de betão – os dragões fizeram mais 25 golos, sofrendo mais dez.
O FC Porto foi esmagador. A equipa liderava com apenas uma derrota (0-2 no Estoril) e o Benfica abordava o jogo do título invicto.
FOI O GÉNIO DE PEDROTO QUE CONSTRUIU O CAMPEÃO: COM TALENTO FEZ UMA EQUIPA E UNIU A NAÇÃO À VOLTA DE UMA IDEIA
À 28.ª jornada, o clássico apresentava-se de modo simples: se os dragões jogavam para dois resultados, as águias tinham de vencer. O jogo teve muitas incidências, os encarnados estiveram a ganhar desde o minuto 3, autogolo do central Simões, mas no fim o empate não foi surpreendente. O velho senhor do norte retomava a glória que lhe escapara durante quase duas décadas. Mais importante, lançava as sementes do ciclo que havia de marcar o futebol português com o crescimento e a influência, nacional e internacional, de uma potência. Se foram cinco títulos nos primeiros 44 anos, desde 1977 foram 25 em 46 épocas – 15 para o Benfica, 5 para o Sporting e 1 para o Boavista.