Futebol sem alegria
A sofrer com o futebol lento, sem chama nem rasgo, da seleção de sub-21, não escapamos ao paralelismo com as últimas exibições da Seleção principal. As épocas são cada vez mais intensas e desgastantes, os atletas chegam a esta fase já saturados de treino e de bola.
Apesar dos futebolistas internacionais serem uns sortudos,
muito bem pagos para fazerem o que mais gostam, os índices de saturação minam a mente e o corpo. Instala-se a fadiga mental, mais difusa e imperscrutável do que a física. Como as fases decisivas das grandes competições continuarão, em regra, a marcar os finais de épocas, seria muito importante encontrar formas de combater a tristeza competitiva, instalada pela repetição de movimentos e esquemas.
As equipas técnicas são cada vez mais complexas.
E essa tendência irá acentuar-se no futuro. A nível da FPF, precisamos de apurar o que fazem os nossos concor- rentes mais evoluídos para devolver a alegria competiti- va aos atletas massacrados por dezenas de jogos. Métodos que podem passar pelo
TUDO VALE A PENA PARA EVITAR A TRISTEZA FUTEBOLÍSTICA QUE SE TESTEMUNHA NOS NOSSOS MELHORES ATLETAS. NO CASO DOS SUB-21, SÓ UM GOLPE DE SORTE, EM FORMA DE COTOVELO BELGA, NOS LEVOU AOS QUARTOS DE FINAL DO EUROPEU
humor, pela música, pela me- ditação, devem ser estudados e testados.
Tudo vale a pena
para evitar a tristeza futebolística que se testemunha nos nossos melhores atletas. No caso dos sub-21, só um golpe de sorte, em forma de cotovelo belga, nos levou aos quartos-de-final do Europeu.
Mas será preciso fazer muito mais para bater a equipa inglesa.
Futebol é rigor tático, capacidade de sofrimento e de superação. Mas, sem alegria, as coisas não saem tão bem. Vamos ver o que domingo nos mostrará. O que se viu até agora não dá sinais positivos.
Debaixo do nosso nariz,
uma instituição gerida pelo presidente da Assembleia-Geral da Liga (só ex-presidente depois do escândalo ser revelado) faturava fortunas mensais com promessa de sonhos e oferta de pesadelos. A técnica - que caberá ao Ministério Publico qualificar, dando nomes aos crimes – era apontar um futuro radioso no futebol europeu a dezenas de adolescentes da América Latina.
Chegados a Portugal,
as camaratas eram insalubres, as casas de banho escassas e distantes, a comida sem variedade nem qualidade. A frequência escolar incerta.
Repito: tudo isto se passava debaixo do nosso nariz.
Não é crível que o esquema fosse de um homem só. Veremos onde chega a corrente de cumplicidades gizada por alguém – Mário Costa – que era, até rebentar o escândalo, uma poderosa figura do futebol português.
MÁRIO COSTA ERA, ATÉ REBENTAR O ESCÂNDALO, UMA PODEROSA FIGURA DO FUTEBOL PORTUGUÊS