A tentação da ordem
çJá qualificada para o Euro’2024, a Seleção de Portugal venceu o Liechtenstein com naturalidade. O maior desafio era motivar os jogadores para uma partida acessível.
Sem pressão, é normal que
os atletas não coloquem todo o seu empenho. Na formação, como na alta competição, muitos treinadores podem ficar desagradados com este comportamento. As noções gregas de cosmos (ordem espontânea) e de taxis (ordem planeada), podem ser úteis para lidar com este problema: os treinadores podem seguir uma lógica instrutiva (taxis), proporcionando objetivos e indicações ao atleta, ou não dar estas orientações, fomentando o jogador/a a analisar as suas ações, e dando mais apoio emocional.
O psicólogo Joaquim Coimbra, que faleceu esta semana, alertava que no desenvolvimento psicológico a oposição entre cosmos e taxis, encontra paralelo na construção da identidade, gerando identidades de ‘achievers’ ou de ‘foreclosure”. Um atleta com identidade de ‘achiever’, realizador, é o que se automotiva para melhorar e competir, mesmo em situações menos desafiantes. O atleta em ‘foreclosure’ pode não ter a mesma motivação interna, pois as suas metas e identidade terão sido impostas por pais ou treinadores, sendo mais difícil manter a motivação sem recompensas externas.
A motivação pode dar sempre o máximo não é uma expetativa realista. A calibração dos objetivos para lidar com desafios de menor dificuldade será otimizada se envolvermos os atletas nesse processo.
UM ATLETA ‘ACHIEVER’ É O QUE SE AUTOMOTIVA PARA MELHORAR E COMPETIR