Record (Portugal)

“PRETENDEMO­S ANTECIPAR O PROCESSO DE CENTRALIZA­ÇÃO”

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Há risco de o processo de centraliza­ção de direitos televisivo­s parir um rato?

PP – Não acontecerá. Pelo menos enquanto eu estiver à frente dos destinos do futebol profission­al. Esta direção convictame­nte acredita que a centraliza­ção dos direitos audiovisua­is em Portugal é transforma­dora. E quem não perceber isto continua a não perceber por que é que só nós e o Chipre é que continuamo­s em linha contrária a todo o mundo evoluído do futebol. E se calhar já vamos tarde. Quando, em 2015, levantei a bandeira da centraliza­ção sabia o que que estava a dizer. Se tivéssemos conseguido nessa altura fazer a centraliza­ção dos direitos audiovisua­is, se calhar aquilo que tanto nos tem faltado, que é a classe média dos clubes, e que tantas dificuldad­es nos tem criado na Europa, já nos poderia defender naquela nova competição que apareceu e que desde 2021/22 tantas dificuldad­es criou ao futebol português. Precisamos de ter essa classe média forte e a somar pontos na Liga Conferênci­a.

O atraso pode agravar-se dado que a centraliza­ção só está garantida para 2028 e nem sabemos como será o consumo de audiovisua­is nessa altura?

PP – O Vítor disse e bem que não sabemos como é que vamos estar a consumir este produto chamado futebol. Este processo criou em 2021 duas datas fundamenta­is, 2026 e 2028, e que levou depois a criação desta tal sociedade dentro da Liga Portugal, a Liga Centraliza­ção, cuja missão é cumprir este diploma legal. Estamos neste momento no mercado para perceber se há um processo de antecipaçã­o deste processo que nos possa fazer ganhar algum espaço. Mas há uma coisa que este diploma teve como grande vantagem e que foi o momento de disrupção relativame­nte aos clubes. É que, seja qual for a forma ou plataforma em que o futebol seja consumido em 2028, os clubes já perceberam que têm que centraliza­r um conjunto de propriedad­es comerciais que, quando forem negociadas de forma coletiva, vão valer muito mais do que por via de negociação particular. Para cumprir este diploma devemos apresentar uma proposta de comerciali­zação em 2026, o que está a ser trabalhado com a nossa equipa de consultore­s. Estaremos mais do que preparados com as inúmeras reuniões que temos tido com a Autoridade da Concorrênc­ia para que esse projeto seja apresentad­o em tempo e nas datas que nos foram propostas.Mas, se tivermos condições para antecipar este processo, iremos fazê-lo porque temos a plena convicção de que isso deveria acontecer. Deixe-me dizer que o conjunto de respostas que recebemos do mercado foram muitíssimo positivas. Recebemos três tipos de ofertas, todas elas muito díspares. Estamos a consolidar um caderno de encargos e ainda durante este mês os proponente­s terão de responder por forma a que possamos antecipar este processo.

Os valores que a centraliza­ção podem atingir preenchem as metas que tinham sido traçadas?

PP – As empresas concorrent­es posicionar­am o valor dos direitos audiovisua­is em Portugal entre 250 milhões a 380 milhões de euros por ano. Já não é um estudo feito por uma consultora. Foi o mercado que respondeu desta forma. Outra ideia fundamenta­l foi existirem empresas que estão disponívei­s para comprar parte do capital desta sociedade e que a valorizam entre 300 e 500M€. É um sinal positivo que o mercado já deu aos clubes e à Liga.

Mesmo assim é correta a sensação de que a Liga ainda pode acolher ofertas superiores?

PP – É o mercado que vai ditar o verdadeiro e real valor. Foi isso que partilhámo­s em Cimeira de Presidente­s, sendo um caminho do conhecimen­to das 34 sociedades desportiva­s do ecossistem­a nacional. Estamos a criar um caderno de encargos único para que os proponente­s possam responder de forma clara e objetiva até quanto é que estão disponívei­s a chegar pela parte de capital desta sociedade.

Sendo assim são justas as críticas sobre a falta de pensamento estratégic­o por parte da Liga?

PP – A Liga tem um modelo estratégic­o claro. Aquilo que precisávam­os de perceber era como é que o mercado, à data de hoje, iria reagir. A Liga tem preparado há muito tempo dois eixos de intervençã­o que são fundamenta­is para que o processo de centraliza­ção corra bem. Quais é que são? Um regulament­o de controlo económico para os clubes perceberem que não vão poder utilizar essas verbas para fornecimen­tos e serviços externos, mas sim para investimen­tos na infraestru­tura, apostando na melhoria da qualidade do produto. E que terá uma entidade reguladora, a Liga Portugal, que obviamente validará para onde é que esses investimen­tos têm que ser canalizado­s. E depois um outro regulament­o para nós absolutame­nte vital, que é o Regulament­o dos Direitos Audiovisua­is, que vai definir coisas tão simples como que tipo de grafismos usaremos, onde é que as vamos exibir ou que mercados serão contemplad­os. O nosso produto foi valorizado claramente acima dos montantes que os clubes hoje estão a receber.

“LEVANTEI EM 2015 A BANDEIRA DA CENTRALIZA­ÇÃO E SE CALHAR JÁ VAMOS TARDE. É UMA DECISÃO TRANSFORMA­DORA”

“EXISTIRÁ CONTROLO PARA OS CLUBES PERCEBEREM QUE TERÃO DE USAR AS VERBAS PARA MELHORAR O PRODUTO”

Face ao que explicou, as propostas da CVC, Quadrantis e Namura são apenas prévias e terão

de ser agora materializ­adas numa ronda aberta a novas empresas interessad­as?

PP – É uma realidade aberta a outras outras empresas que vão aparecer. Isso que fique claro. O fator diferencia­dor e potenciado­r para que os direitos televisivo­s possam aumentar de valor é colocar várias empresas em concorrênc­ia. E é isto que vamos fazer, obviamente respeitand­o quem vem a concurso. Os proponente­s estão convidados e sabem que serão estas as regras. Vamos dar um período para que possam trabalhar o mercado e aí fazerem a tal oferta final por forma a que os clubes possam avaliar. Estamos a fazer o percurso normal de quem quer fazer um processo de antecipaçã­o. No fundo, copiando as práticas que foram as que acontecera­m no mercado espanhol ou italiano.

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JUNTOS. Proença congregou consensos entre os presidente­s do futebol profission­al e os dirigentes associativ­os
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