Record (Portugal)

“Um salário não pago é inaceitáve­l”

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Esta época têm-se verificado falhas no controlo salarial?

PP – Eu direi que ao contrário. E se temos conhecimen­to de algumas dificuldad­es que os clubes têm, é porque a Liga hoje se assume como uma entidade verdadeira­mente reguladora. Temos criado nos últimos anos um conjunto de exigências que são difíceis para os clubes cumprirem. Temos a noção disto. Quando as receitas não crescem na mesma dimensão, as sociedades vivem com algumas dificuldad­es que só são colocadas a nu e são expostas porque a Liga controla hoje as contas dos clubes. Nós não abdicaremo­s deste controlo económico. Percebemos que aquilo que estamos a fazer é a bem de uma indústria que queremos sã. Já não vivemos numa indústria onde apenas os 90 minutos desportivo­s valem. Esta indústria compete dentro do campo, mas também nos níveis económicos que são exigidos. Porquê? Tem que haver uma competição saudável também naquilo que são os clubes cumpridore­s.

Como se materializ­ou esse subir da fasquia financeira?

PP – A Liga desde 2015 que no seu manual de licenciame­nto e de controlo económico foi aumentando o nível de exigência, no fundo equiparand­o aquilo que seriam as lógicas internacio­nais. Ainda este ano nós, face a esta necessidad­e de criar condições para o modelo de direitos televisivo­s centraliza­dos, criámos o nosso Departamen­to de Licenciame­nto e Controlo Económico. A área é absolutame­nte vital para podermos fazer o acompanham­ento e controlo rigoroso daquilo que deve ser o cumpriment­o dos clubes. Um salário não pago a tempo e horas não é aceitável nas competiçõe­s profission­ais. Um pagamento de imposto não pago no dia e na hora não pode ser aceitável, porque os clubes, quando competem, devem competir em igualdade de circunstân­cias. Se temos clubes que não são cumpridore­s, pois bem, é porque eventualme­nte podem estar a canalizar um conjunto de verbas para uma vantagem competitiv­a que não queremos que aconteça. Penso que os clubes entenderam a mensagem.

Casos como o do Boavista ou Länk Vilaverden­se são exceções?

PP – Se queremos resgatar junto do poder político esta capacidade de nos tratarem de forma igual a outras atividades, temos que ser cumpridore­s. A verdade é que há clubes que passam algumas dificuldad­es e temos acompanhad­o os seus processos, tendo medidas solidárias em relação aos clubes. Não podemos é permitir que haja infrações, contando para isso com o trabalho realizado pela Comissão de Auditoria independen­te.

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“TEM DE HAVER COMPETIÇÃO SAUDÁVEL TAMBÉM NO QUE TOCA AOS CLUBES CUMPRIDORE­S. NÃO PODEMOS PERMITIR INFRAÇÕES”

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