Vamos lá então voltar a malhar no “alemão”
O VOCABULÁRIO DE ROGER SCHMIDT É REDUZIDÍSSIMO PARA IR A UMA MARISQUEIRA
OS QUE O DEFENDEM, FELIZMENTE POUCOS, ESGRIMEM A FAVOR DO “ALEMÃO” O ARGUMENTO DE QUE O MENU DA MARISQUEIRA DO RESTELO ERA MIL VEZES MAIS INTERESSANTE DO QUE O MENU DO SPORTING-TONDELA E DO FC PORTO-ESTORIL. TEMOS DE LHES DAR RAZÃO
Na terça-feira Roger Schmidt ignorou os jogos dos rivais e foi jantar fora. Que vergonha. E há provas. O treinador do Benfica deixou-se fotografar à porta de uma marisqueira na companhia da mulher e do filho. Este alemão voltou a desprezar o país que tão gentilmente o acolheu. Trocar dois desafios da Taça de Portugal por jantar fora de casa é insultuoso porque a dita Taça é, justamente “de Portugal”. O nome é tudo, portanto há que respeitá-lo. O facto de não ter ficado em sua casa, como devia, a estudar o Sporting-Tondela e o Estoril-FC Porto preferindo jantar fora de casa com a mulher e com o filho – ainda se fosse com um empresário e com um jornalista poderia sempre dizer que estava a trabalhar… – não tem desculpa.
Aliás, o que vai fazer a uma
marisqueira um sujeito que, ao fim de ano e meio entre nós, só se lhe ouviu dizer em portu- guês “bom dia” (na manhã em que chegou) e “marquês” (recentemente quando disse que se queria despedir do Benfica em 2026 no “marquês”)? É vocabulário reduzidíssimo para se ir a uma marisqueira embo- ra as listas dos nossos restaurantes já tenham versões em várias línguas para que os estrangeiros não se percam, o que só prova que somos um país que sabe receber bem. Do que não temos culpa é de que haja gente que se recusa a ser bem recebida como é o caso do treinador do Benfica.
Os que o defendem, felizmente
são poucos, esgrimem a favor do “alemão” o argumento de que o menu da marisqueira do Restelo era mil vezes mais interessante do que o menu do Sporting-Tondela e do FC Porto-Estoril. Neste aspeto, temos de lhes dar razão. O menu posto à disposição do treinador do Benfica foi muito mais interessante, mas isso não invalida o facto de Schmidt ter ignorado os jogos dos rivais para ir jantar à marisqueira na melhor tradição lisboeta. Não nos queira enganar, Schmidt, enquanto não souber mandar vir umas açordas de gambas e uns pregos do lombo mal, médio ou bem passados na língua de Camões não convence ninguém do seu esforço de integração.
A propósito de Camões. Não deixa de ser uma anormalidade esta má vontade da nossa imprensa perante o facto de um treinador de futebol não falar português por comparação com a boa vontade da nossa imprensa perante o facto de se cumprir este ano o 5.º centenário do nascimento de Luís de Camões e não haver programa de comemorações, nem orçamento, nem comissões, nada. E indignam-se mais com o treinador do Benfica do que com isto. Ninguém, entre as vozes públicas que são uma quantidade delas, se exaspera por os 500 anos do autor de ‘Os Lusíadas’ serem oficialmente ignorados. Mas arrepelam-se porque o treinador do Benfica não fala a língua do poeta. E, francamente, pior ainda do que não falar a língua do poeta é apresentar-se à porta de marisqueiras com as mãos nos bolsos. Incrível, com as mãos nos bolsos.