Os agentes da mudança
Numa era em que a profissionalização do futebol está nos píncaros, todos os intervenientes tiveram de adaptar-se para manter o passo. No ramo da intermediação, a regulamentação está mais exigente, um cenário que tem favorecido o aparecimento de um novo perfil de intermediários
Milhões. Ano após ano, não há palavra que seja repetida até à exaustão como aquela que inunda o palco mediático em toda e qualquer janela de transferências. Em janeiro ou no defeso, são às centenas os negócios chorudos que tomam conta do mercado e com números que deixam à roda a cabeça do comum dos mortais. A prova provada de uma evolução fulminante do desporto-rei, uma modalidade cada vez mais profissional e, com efeito, mais rentável e proveitosa. No entanto, o aumento dos dígitos presentes nas contas acarreta, inevitavelmente, um maior escrutínio e uma maior necessidade de transparência. Neste sentido, tem-se assistido, ao longo dos últimos anos, a um apertar de malha no campo das transações de ativos, com novas regulamentações a obrigarem todos os intervenientes a uma adaptação para conseguirem acompanhar o passo. Ninguém fica de fora. De clubes a intermediários, todos estão sujeitos a uma análise à lupa. Estes últimos, porém, viram o nível de exigência subir e atingir os píncaros, sobretudo devido ao papel mais central de que agora usufruem, em contraponto com o posicionamento mais na sombra de tempos idos.
Uma conjuntura que motivou um reforço de medidas específicas sobre a atuação dos agentes e que, por outro lado, fomentou o aparecimento de um novo perfil de intermediários, munidos de outras ferramentas para atuar face a um enquadramento legal em constante mudança. Falamos de profissionais ligados à área do direito, que já faziam parte do processo negocial, mas na maioria dos contextos numa função de aconselhamento e de tratamento de documentos, sempre com vista a fazer cumprimento o que está legalmente previsto.
Com efeito, os últimos anos trouxeram uma alteração na figura do intermediário, hoje menos empresário, menos homem do negócio propriamente dito, e cada vez mais formado em áreas ligadas ao campo jurídico.
Uma questão imposta pelos requisitos cada vez mais elevados, mas também pelo próprio mercado, cada vez mais excêntrico, megalómano e atrativo.