Anda Pacheco...
çQuem vê o futebol com o mínimo de frieza clubística tem de apreciar a qualidade, a arrumação e a alegria de jogo deste Vitória. Mas também a benemerência de Álvaro Pacheco (52 anos), um treinador que nasceu na Lixa, a três dezenas de quilómetros de Guimarães, mas que parece imbuído da mesma conexão com o clube que se reconhece aos seus mais inestimáveis adeptos. Nisso iguala-se a Jota Silva, que caiu no goto pela imagem e pela raça à Grealish, mas também pelos golos (10) e assistências (7). Os vimaranenses começaram a época dirigidos por Moreno e tiveram João Aroso como solução transitória enquanto não chegou Paulo Turra, que tinha como principal credencial ter sido adjunto de Scolari, se é que isso serve de documento. Pacheco teve de começar por lidar com esta volubilidade, a que acrescem as dificuldades financeiras que há muito constrangem a gestão da SAD – para resolver os atrasos nos salários foi preciso transferir, em janeiro, Dani Silva para o Verona, para onde só não seguiu o goleador André Silva porque os italianos não gostaram que ele não tivesse passaporte português. Pacheco nunca se deixou consumir por este emaranhado. Não fez nenhuma revolução, preferindo até manter o 3x4x3 herdado (dando-lhe novas dinâmicas e mudando protagonistas, com destaque para a aposta definitiva em Tomás Händel, um jovem que emana talento). E, depois de 12 vitórias, três empates e apenas três derrotas nos 18 jogos que dirigiu, o Vitória divide o quarto lugar com o vizinho e arquirrival Sporting de Braga, que investiu como nunca para discutir o título. Sem abdicar dos seus princípios, frente ao Benfica foi mais inteligente e superior na maior parte do jogo. E teve bem mais oportunidades de golo, mesmo após a expulsão de Borevkovic.