Dos indecisos não reza a história
NÃO SÃO POUCAS AS RAZÕES QUE FIZERAM A EQUIPA DE SÉRGIO CONCEIÇÃO BRILHAR A GRANDE ALTURA, NUM DOS PALCOS MAIORES DO DESPORTO-REI. MAIS UMA VEZ A CONSOLIDAR O IMENSO RESPEITO QUE OS DRAGÕES SUSCITAM NA EUROPA DO FUTEBOL
çO FC Porto caiu na Champions mas não são poucas as razões que fizeram a equipa de Sérgio Conceição brilhar a grande altura, num dos palcos maiores do desporto-rei. Mais uma vez a consolidar o imenso respeito que os dragões suscitam na Europa do futebol.
A tática, a atitude, o futebol praticado,
o talento dos jogadores, um colectivo sólido, solidário, guerreiro, trabalhador, tudo convergiu para uma exibição, coroada por um Pepe majestático, a que apenas faltou o golo. Apenas faltou que a lotaria dos penáltis tivesse caído para o lado azul.
A exibição da equipa de Sérgio Conceição é a prova
de que, no futebol, dos indecisos não reza a história. Os indecisos que se apresentam nos palcos europeus sem saber se atacam se defendem, se rematam à baliza se centram, se aguentam o jogo a meio-campo à espera de uma oportunidade ou empurram o adversário para a sua área.
O Porto perdeu mas não foi pela indecisão
do modelo de jogo nem pela crença dos jogadores que a vitória era possível, perante um dos maiores tubarões da Premier League. O Porto perdeu, sim, desde logo num combate desigual entre orçamentos, mas deixou toda a gen- te curvada perante a sua imensa categoria.
E depois temos Pepe.
O internacional português joga, aos 41 anos, com a classe de sempre. A experiência, a sabedoria de saber posicionar-se no terreno, a fi- bra de um guerreiro sempre dis- ponível para o combate. Quando abandonar deixará um vazio difícil de preencher, tanto no FC Porto como na selecção.
Pepe, diga-se, tem sido exemplar
no campo e na forma como abraçou o desafio da Selecção portuguesa, mostrando uma clara adesão aos valores necessários para que todos percebessem como sentia a camisola das quinas.
O central luso-brasileiro, em grande medida, inaugurou
um tempo, com Deco, que mostra as potencialidades dessa imen- sa relação entre Portugal e o Brasil no campo do futebol e que deve ser explorado, na selecção, sem preconceitos.
Portugal não deve ter hesitações em ampliar
o seu campo de recrutamento, tal como a França e a Alemanha fazem há décadas. Se esse planeamento e ‘scouting’ fossem já rotineiros, se não fosse a maldita indecisão reinante na matéria, provavelmente Galeno já teria sido convocado por Portugal há mais tempo e não teria soçobrado perante a sereia brasileira. A indecisão é uma doença social que só traz volatilidade. Da política ao futebol.