Augusto Inácio vê outra mentalidade
A Seleção Nacional não é imune à tendência e enfrentou dois casos nos últimos tempos. Rafa Silva renunciou em setembro de 2022 – rejeitando a chamada para jogos da Liga das Nações – alegando “razões do foro pessoal”. Em maio do ano passado, já com Roberto Martínez ao leme da equipa, foi a vez de João Mário anunciar o adeus por motivos semelhantes.
A Record, Augusto Inácio explica que este e outros casos no futebol internacional, indiciam uma mudança de paradigma. “Ir à seleção era o que qualquer jogador queria. O ponto máximo na carreira. Hoje em dia há outras fatores que pesam quando se fala nisto. Para muitos jogadores, as seleções são uma montra e há muita vontade de ir e mostrar trabalho. Mas para aqueles que têm ‘lugar cativo’ e sabem que podem dizer que ‘não’ desta vez, mas que depois regressam quando quiserem. Ou os que já têm os bolsos cheios, porque isso também conta muito hoje em dia... Já não lhes diz tanto”, indica. O panorama vai mudando e os futebolistas olham agora para vários fatores na hora de decidir se vão, ou não, aceder à chamada para representar o país. Já não é apenas uma questão de honra. “Em primeiro, temos de ver que agora há muito mais jogos, mais solicitações para a ir às seleções. Depois, também tem a ver com a dinâmica do jogador e em que circunstâncias é convocado. Todos vão com a expetativa de jogar quando são chamados, mas acabando sempre por ficar no banco ou ficando poucos minutos... ficam a pensar. Por isso é que surgiram casos como os do Rafa e do João Mário, que renunciam em idades precoces, com justificações curtas como ‘razões pessoais’ ou que querem focar-se mais nos clubes. Deixo a pergunta. ‘Se jogassem, será que renunciavam na mesma?’”
Como treinador, Inácio garante que sempre tratou de parabenizar os pupilos que recebiam uma chamada à sua seleção. “Representar o país é a maior honra que se pode ter como futebolista”, sublinha, apontando ainda que os Mundiais ou Europeus continuam, apesar de tudo, a ser a maior montra no futebol. *