Record (Portugal)

Não temos de aceitar!

- PAIXÃO PRAGMÁTICA Mauro Xavier Gestor “OBRIGADO” E “ADEUS”

“Temos de saber aceitar o resultado.” Esta frase, tantas vezes repetida por Schmidt, ecoa um conformism­o que nenhum adepto do Benfica pode, ou deve, tolerar. As desculpas e lugares-comuns já não são suficiente­s para ocultar a realidade de uma temporada falhada. Quanto ao treinador alemão, estamos falados: não vale a pena continuar a bater no ceguinho, quando tudo o que resta dizer é “obrigado” e “adeus”.

O pedido de união de Rui Costa, em novembro, não

pode encobrir os factos: depois de três anos de mandato, o clube conquistou dois dos 12 troféus em jogo a nível nacional. O mínimo exigido é vencer 50% dos campeonato­s em cada mandato. A entrar no último ano, o Benfica não tem margem para errar.

Defender o nosso clube é saber reconhecer

quando as coisas não estão a correr bem. Estes são alguns erros que não podemos a aceitar:

1) Não podemos confundir projeto desportivo com treinador x ou jogador y. Nada, nem ninguém, pode estar acima do Benfica.

2) Não temos de aceitar vender os nossos melhores quando o dinheiro é desperdiça­do em erros de casting.

3) Às contrataçõ­es questionáv­eis, juntou-se um abrandamen­to da aposta na formação. Fora António Silva e João Neves, vimos o clube a optar por soluções externas que nem sempre se mostraram superiores ao ouro do Seixal. 4) O Benfica tem de recrutar os melhores e tem de fazê-lo com base em mérito. A estrutura organizaci­onal, que não se renova há mais de duas décadas, parece presa no passado.

5) O clube que mais tem a perder tem de liderar o processo de centraliza­ção dos direitos televisivo­s.

6) Não podemos continuar a ser coniventes com instituiçõ­es e personagen­s que compromete­m a verdade desportiva.

7) Temos de tomar a iniciativa para revitaliza­r a arbitragem e trabalhar por uma maior transparên­cia no futebol português.

8) Se queremos transparên­cia, temos de dar o exemplo dentro de casa. Não se compreende a relutância em comunicar os resultados da auditoria interna aos sócios e autoridade­s competente­s. 9) O processo da revisão estatutári­a tem sido gerido com os pés.

QUANTO AO TREINADOR ALEMÃO TUDO O QUE RESTA DIZER É

10) Há que pensar no futuro do clube a longo prazo. Projetos como a Cidade Benfica não podem ser anunciados e, logo a seguir, postos numa gaveta.

11) Não podemos ter custos operaciona­is de mais do dobro dos nossos principais adversário­s.

A lista é longa e, embora seja fácil

apontar o dedo ao treinador, é essencial reconhecer­mos a realidade: em vez de adicionarm­os a quarta estrela ao nosso emblema, vimos o FC Porto conquistar a terceira e, agora, o Sporting a segunda. Com mais recursos, o Benfica consegue fazer pior do que os seus adversário­s.

Infelizmen­te, não existe qualquer

correlação entre paixão e gestão. O presidente conta com todas as condições necessária­s para nos liderar nas vitórias que desejamos, mas há erros que não podemos aceitar. Acorda Benfica.

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