Record (Portugal)

A FAMA E O PROVEITO DA INSTABILID­ADE

Na tarde em que Cádiz brilhou, o FC Porto tremeu emocionalm­ente, mesmo quando massacrou o rival

- CRÓNICA DE RUI MALHEIRO

Sérgio Conceição mexeu mais do que seria esperado no onze inicial. Fiel à estrutura em 4x3x3, com Pepê e Nico como interiores profundos, o FC Porto expôs desdobrame­ntos ofensivos distintos dos habituais. À direita, Francisco oferecia largura, anuindo incursões interiores a Sánchez, com Pepê a surgir como terceiro elemento muito ativo. À esquerda, Wendell, menos confortáve­l nessa missão, oferecia largura e atacava a profundida­de, fruto das incursões interiores de Iván Jaime, com Nico a surgir como terceiro elemento.

Já o Famalicão despontou no Dragão assente numa organizaçã­o defensiva coriácea, baixando de forma compacta as linhas, de forma a subtrair espaços ao rival, mas não deixou de procurar o arco de Diogo Costa. Foi assim que, à primeiraop­ortunidade,chegouao0-1. Após ligar jogo desde trás ao encontrode­Cádiz,ovenezuela­no, aberto sobre a esquerda, desvendou a desmarcaçã­o de Puma na direita e correu em direção à área, onde se impôs de cabeça aos centrais portistas dando sequência ao cruzamento do extremo.

O FC Porto reagiu de forma positiva à desvantage­m, elevando a belicosida­de na pressão e a mobilidade abrasiva das suas unidades. O empate chegaria num autogolo de Zaydou, após insistênci­a de Evanilson e uma diatribe de Francisco sobre De Haas, só que acabaria por faltar discernime­nto para ligar criação com finalizaçã­o. O que conduziu à troca posicional entre Jaime e Pepê, mais aberto sobre a esquerda, soltando Wendell para o espaço interior. Só que os famalicens­es, por saídas rápidas pelo corredor direito, não deixaram de atacar. Foi por aí que rubricaram o 1-2, com Gustavo Sá a fomentar o bis de Cádiz, em mais um lance em que os portistas exibiram deficiênci­as no posicionam­ento da última linha e na defesa de cruzamento­s.

A urgência em consumar a reviravolt­a levou Conceição a produzir uma tripla substituiç­ão ao intervalo. Abdicou dos abúlicos Sánchez, Grujic e Jaime para lançar Varela, Galeno e Taremi, alterando a estrutura para um 4x4x2/4x2x4, com Pepê a passar a funcionar como lateral-ala-direito. Os dragões encostaram o Famalicão às cordas, obrigando ao robustecer da última linha para fazer face ao elevado caudal portista. Só que o ataque pungente a zonas de finalizaçõ­es foi feito com

Excelente primeira parte do Famalicão no Dragão: boa organizaçã­o defensiva, sagacidade ofensiva. Reação do FC Porto à dupla desvantage­m

A forma como o FC Porto sofreu dois golos após cruzamento­s. Exibições nulas de Sánchez, Grujic e Iván Jaime. A expulsão de Evanilson

muito mais coração do que cérebro, a que se juntou a agilidade felina de Luiz Júnior como última barreira. Até que a entrada de Namaso para o lugar de Wendell metamorfos­eou Galeno em lateral-ala-esquerdo. Seria a sua incisivida­de a perscrutar o corredor canhoto, com o espaço que lhe faltou como extremo, a servir como mote ao tento da igualdade de Taremi, e a obrigar Luiz Junior a evitar o 3-2, numa altura em que o descontrol­o emocional já custara a expulsão de Evanilson.

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