Record (Portugal)

Reciprocid­ade e bom senso

- Joaquim Evangelist­a Presidente da direção do SJPF

Ponto prévio sobre a posição que mantenho, desde sempre, em relação ao papel determinan­te que os árbitros têm para sucesso do futebol portu- guês. Respeito muito esta classe profission­al que enfrenta duríssimos desafios e condeno qualquer atitude insultuosa, violenta ou condiciona­dora da sua atividade. Sabem igualmente desta minha postura o Presidente do Conselho de Arbitragem e o meu colega da APAF, Luciano Gonçalves, a quem aproveito para felicitar e desejar os maiores sucessos no seu novo mandato à frente da organizaçã­o.

Acho, no entanto, que é chegado o momento de refletir

sobre a resposta que tem sido dada aos momentos de tensão entre árbitros e jogadores, nomeadamen­te a ação quase sempre imediata no sentido de exigir processos disciplina­res. Da parte dos jogadores não tem existido esta reciprocid­ade de tratamento e posso assegurar que são vários os relatos de atletas que se sentem humi- lhados ou ofendidos dentro de campo, não apenas nos casos mais mediatizad­os como os que envolveram recentemen­te atletas do FC Porto, mas ou- tros menos visíveis como aqueles que alguns companheir­os

HÁ QUE REFLETIR SOBRE A RESPOSTA QUE TEM SIDO DADA AOS MOMENTOS DE TENSÃO ENTRE ÁRBITROS E JOGADORES, NOMEADAMEN­TE A AÇÃO QUASE SEMPRE IMEDIATA NO SENTIDO DE EXIGIR PROCESSOS DISCIPLINA­RES

que jogam em equipas da Liga Portugal Sabseg já nos fizeram chegar. Tenho por convicção que se evoluirmos para um padrão de reciprocid­ade nesse apelo constante para que se punam todos os ár- bitros ou jogadores que se excedem durante os jogos, sem qualquer preocupaçã­o com o contexto e os motivos que geram incompreen­são ou revolta mútua, entraremos num ci- clo de conflituos­idade permanente que em nada beneficiar­á o nosso futebol. Foi este o motivo pelo qual o Sindicato dos Jogadores interpelou formalment­e a APAF na semana que passou, solicitand­o uma reunião para debater em que medida ações pedagógica­s e concertada­s entre as respetivas instituiçõ­es podem contribuir para responder com razoabilid­ade e prevenir que episódios deste tipo se propaguem.

Levaremos algumas ideias

sobre a identifica­ção, tratamento e ação sobre condutas abusivas, com a humildade de reconhecer que é um tema difícil e muito explorado nos momentos decisivos de cada época. Não contem comigo para promover um clima de guerrilha entre os bons e os maus. Os jogadores exigem o mesmo respeito que os árbitros têm exigido pela sua atividade. Como tudo na vida, o ingredient­e necessário para melhorar o estado a que chegámos é o bom senso e saber ouvir aqueles que todas as semanas entram dentro de campo para fazer o seu trabalho, o melhor que podem.

Termino com um sentido

abraço ao Ricardo Nunes, agora candidato à presidênci­a do Varzim. É um orgulho ver um jogador que conhece bem os altos e baixos da profissão tomar a iniciativa de iniciar carreira no dirigismo, propondo-se a abraçar um projeto que não tem nada de simples, face à conjuntura atual do clube. Contará, como sempre, com o meu apoio para que tenha sucesso.

NÃO CONTEM COMIGO PARA PROMOVER

UM CLIMA DE GUERRILHA

ENTRE BONS E MAUS

 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal