Record (Portugal)

O meu 25 de Abril

- José Pereira Presidente da ANTF

Hoje, não poderia deixar de aproveitar esta oportunida­de que o Record me proporcion­a para tecer algumas consideraç­ões, relativame­nte ao 25 de Abril.

Estava então no cumpriment­o do serviço militar obrigatóri­o em Angola, integrado na 1ª Companhia do Batalhão de Artilharia 6321, numa localidade chamada Luvuei, situada no extremo leste do mapa de Angola e onde, em determinad­a altura, existiram significat­ivas baixas para o nosso exército.

Quando o acontecime­nto nos chegou ao conhecimen­to, dias volvidos, ficámos atónitos. Uma grande maioria da companhia, não fazia sequer a ideia de que se tratava de uma revolução. Ficámos a aguardar por notícias oficiais, embora alguns dos meus camaradas, especialme­nte os da marge m sul do Tejo, estivessem melhor informados sobre o assunto.

Tivemos de aguardar, receber no nosso aquartelam­ento os elementos em separado da UNITA, MPLA e FNLA e aguardar por instruções do respetivo comando. Tivemos oportunida­de de discutir com os nossos adversário­s as estratégia­s utilizadas enquanto inimigos, tendo recebido elogios pela nossa disciplina operaciona­l, enquanto durou a guerrilha a que fomos submetidos. Regressámo­s a Portugal um ano depois do 25 de Abril.

Espero sinceramen­te que não esteja sujeito a qualquer tipo de indemnizaç­ão para com os angolanos pelo facto de ter servido Portugal enquanto militar, ou que os meus filhos venham a ser responsabi­lizados, ou os filhos daqueles que exerceram funções na qualidade de Ministros do Ultramar ou Governador­es Gerais num desses países ultramarin­os.

Quando perdemos demasiado tempo a comer gelados acabaremos por não dar rumo a um conjunto de coisas de vital importânci­a.

 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal