O tema dos temas entre outras questões
RUI COSTA FOI EXCECIONALMENTE FRANCO SOBRE MOURINHO
SE, NO MÊS DE AGOSTO, O TREINADOR “SAIU PUBLICAMENTE PREJUDICADO POR ALGO DE QUE NÃO TEVE RESPONSABILIDADE” – A SAÍDA ABRUPTA DE VLACHODIMOS – POR QUE RAZÃO ESPEROU O BENFICA PELO SEU PRESIDENTE E PELO MÊS DE MAIO PARA ILIBAR SCHMIDT PUBLICAMENTE?
Na entrevista concedida por Rui Costa a uma dúzia de jornalistas com transmissão na BTV não se viu o presidente do Benfica fugir a nenhuma das questões. Esteve, naturalmente, mais à-vontade em alguns temas e menos confortável noutros e só foi pena que nenhum dos jornalistas lhe tenha perguntado como pensa resolver os problemas e os danos causados pela claque do seu clube – adeptos proibidos pela UEFA de acompanhar a equipa na Europa e um caderno de desacatos e crimes públicos em Portugal – neste momento histórico do nosso futebol em que o Sporting parece ter conseguido neutralizar a criminalidade na sua claque e em que o FC Porto, sob nova gerência, parece querer fazer exatamente a mesma coisa ainda que por outra via.
Mas o tema dos temas seria, inevitavelmente, Roger Schmidt
e foi por aí que a entrevista começou. O anúncio da continuação do treinador alemão não foi uma grande surpresa, nem sequer uma pe- quena surpresa. Por convicção no ‘projeto’, o que será sempre uma qualidade antes de ser uma teimosia, e, obviamente, por não se poder colocar à mer- cê de desordeiros fazendo-lhes o favor de despedir Schmidt, Rui Costa optou, e bem, pela desdramatização do assunto. Optou bem porque o Benfica tem pela frente os meses do defeso e da pré-temporada e até que os jogos sejam a doer não haverá motivos para grandes dramas daqueles que o Benfica por mais do que uma vez viveu ao longo desta época. Depois se verá.
Foi sucinta e politicamente acertada
a resposta do presidente do Benfica à pergunta sobre as alterações no FC Porto – “Nova Ordem com Villas-Boas? Esperemos que sim.” – e terá sido muito franca a resposta à questão sobre um possível interesse do Benfica em José Mourinho – “Quem disser em qualquer clube que não pensa em plano B, C ou D é porque está a mentir. Mourinho é um treinador de elite. É inegável que pudesse pensar nele também.” Mais do que muito franca foi, aliás, uma resposta excecionalmente franca do presidente do Benfica.
Ao tema Vlachodimos que fez nascer a primeira crise,
logo em agosto, com o treinador a ser acusado de impiedade, de ter mandado embora o guarda-redes grego e de ter provocado insatisfação no balneário – fama de que Roger Schmidt nunca se livrou ao longo da temporada –, Rui Costa respondeu com palavras claras: “O treinador saiu publicamente prejudicado por algo de que não tem responsabilidade.” Posto isto, ficou uma segunda pergunta obrigatória por fazer ao presidente do Benfica em função do que, justamente, disse sobre a não-responsabilidade de Roger Schmidt. Se, no mês agosto, o treinador saiu publicamente prejudicado por “algo” de que não teve responsabilidade por que razão esperou o Benfica pelo seu presidente e pelo mês de maio para ilibar Roger Schmidt publicamente? Nove meses, caramba.