GRANDES PROVAS
As grandes provas que tiveram lugar nesta edição do Essência do Vinho – Porto não se esgotaram naquelas que levamos até ao leitor no mês passado. Com efeito, o Palácio da Bolsa foi palco de outras provas emblemáticas, reunindo a nata dos produtores de diversas regiões portuguesas – e não só.
Com efeito, habituados que estamos a que maior multinacional de vinhos de Portugal e uma das maiores à escala planetária, a Sogrape, mostre ao mundo o que faz no nosso país, desta feita, o cenário inverteu-se. A empresa deu a conhecer, entre nós, um pouco daquilo que produz no resto do mundo – sem descurar, claro, o melhor da sua produção nacional. Portugal (Dão e Bairrada), Espanha (Rías Baixas e Rueda) e Nova Zelândia (Marlborough) foram as origens selecionadas. Em comum, o facto de se tratarem apenas de vinhos brancos. A dupla de enólogos Beatriz Cabral de Almeida e Diogo Sepúlveda ficou encarregue da apresentação.
De uma vinha quase centenária a 450 metros de altitude que esteve quase à beira do arranque, a família Alves de Sousa faz um dos vinhos mais icónicos do Douro. Na Quinta da Gaivosa, após uma tentativa mal sucedida de replantação em 2004, os Alves de Sousa decidiram dar uma última oportunidade. Como que a pressentir o ultimato, o vinho desse ano mostrou-se de exceção, exprimindo-se de um modo singular. Hoje com mais de 25 castas identificadas, a vinha do Abandonado é um hino à resiliência das vinhas velhas do Douro. Nesta prova dos 20 de Abandonado percorram-se a monumentalidade das edições 2004, 2005, 2007, 2009, 2011, 2013, 2015, 2017, 2019 e o lançamento ‘en primeur’ de 2020.
A parceria entre as famílias Roquette e Cazes, consubstanciada no projeto que tem nos vinhos Xisto o porta-estandarte, mostrou-se na Essência do Vinho através da prova de vários exemplares do Quinta do Crasto Vinha Maria Teresa, bem como do Château Lynch-Bages, pelas vozes dos enólogos Manuel Lobo e Daniel Llose. Para terminar em glória, foi apresentado o último tomo desta parceria que dá pelo nome de Xisto.
No capítulo dos grandes licorosos de Portugal, Madeira e Moscatel de Setúbal brilharam entre as estrelas. No primeiro caso, a Madeira Wine Company, icónico produtor madeirense com mais de dois séculos de existências e sete gerações na posse da mesma família, promoveu uma prova, liderada pelo enólogo Francisco Albuquerque, com três marcas, seis castas e um século de Frasqueiras, vinhos que são prova viva da longevidade dos vinhos Madeira, como é disso bom exemplo o Blandy's Bual 1920.
Por sua vez, Domingos Soares Franco, o rosto e enólogo da José Maria da Fonseca, abriu as portas da coleção de vinhos ímpares da empresa, tesouros que ajudam a relatar o historial de toda uma arte e saber fazer, como o Moscatel 20 Anos e os Torna-Viagem 2016 e 1911.