AS PISCINAS AQUECIDAS DOS HOTÉIS
Esta é uma história das antigas. Hieróglifos de 2.500 anos antes de Cristo mostram egípcios a nadar em grandes tanques dentro das pirâmides – no que significará, segundo os investigadores, a primeira pedra de construção das piscinas interiores. É, no entanto, ao romano Gaius Cilnius Maecenas (segundo os estudiosos, um bon vivant) que é atribuída, ali resvés o nascimento de Jesus Cristo, a invenção da primeira piscina aquecida. Feitas as contas, há milénios que a Humanidade faz de tudo para se pôr de molho. Idealmente, em água quente.
Em 2024, um pouco por todo o primeiro mundo, qualquer hotel que se queira orgulhar das suas cinco estrelas tem de ter pelo menos uma piscina interior – interior e aquecida. Não é sequer uma questão de opção – por definição, hóspedes que podem pagar centenas ou até milhares de euros para dormir fora de casa, sentem-se acima de tudo, em particular da meteorologia, pelo que querem poder dar umas braçadas mesmo que não haja sol, mesmo que faça frio ou mesmo que chova a potes lá fora.
E é por isso que gente rica é outra coisa: como acreditam que tudo lhes é devido porque pagaram, eles usam o roupão (que as outras pessoas vestem como se fosse um fato de Carnaval só para se sentirem ricas) e descem até à piscina, pagam 7 euros por uma touca e mergulham na piscina aquecida.
Só que, nesse momento, dinheiro nenhum na conta os impede de sentir o choque térmico da vida – ou, no caso, da piscina, mais esquecida que aquecida, da maioria dos hotéis. Porque ao contrário do que apregoam a maioria dos hotéis (“a água estará sempre entre os 27 e os 30 graus centígrados”), a água nunca está verdadeiramente quente.
Só que eles já vestiram o roupão, já compraram a touca, já simularam alongamentos antes do pulo para a piscina. E agora lá estão eles, cavalos marinhos, a aguentar os 19 a 20 graus da piscina interior de um hotel que estão a pagar como se fosse um palácio, mas que os trata como se fossem burros. ●
Há milénios que a Humanidade faz de tudo para se pôr de molho. Idealmente, em água quente