SÁBADO

A criar raízes há mais de mil anos

Renée Gagnon anda à procura de oliveiras desde 2014, altura em que se deixou encantar por uma. Now and Ever: Oliveiras, que inaugura no Museu das Comunicaçõ­es, em Lisboa, a 13 de Julho, mostra perto de 40 árvores milenares

- TEXTO ÁGATA XAVIER

Estava no Alentejo a passear quando do céu nublado surgiu uma aberta. A luz bateu numa oliveira e desde então Renée Gagnon, canadiana a morar em Portugal desde os anos 70, decidiu ir atrás de árvores semelhante­s. “A minha paixão é pelas oliveiras muito, muito velhas, daquelas todas retorcidas pelo passar dos séculos”, explica a artista ao GPS. “Em Portugal, encontrei árvores com mais de 2000 anos e isso comove-me muito. Ver uma árvore que está viva ao longo de tanto tempo, que ainda tem folhas e azeitonas, faz lembrar um bocadinho a procura da eternidade.” São cerca de 40 as fotografia­s pintadas que apresenta em Now and Ever: Oliveiras, mostra que inaugura a 13 de Julho no Museu das Comunicaçõ­es, em Lisboa.

Já perdeu a conta ao número de fotografia­s que tirou a oliveiras, mas garante que ultrapassa­m as mil. Além do Alentejo, onde vai regularmen­te para as ver – “Às vezes meto-me no carro e vou lá passar o fim-de-semana. Preciso disso” –, já foi à procura de exemplares pela Sardenha e pelo Sul da Catalunha. “Na Sardenha, encontrei oliveiras com mais de 4000 anos e no Sul da Catalunha há museus ao ar livre com árvores com mais de 2000 anos. Senti imensa alegria de as ver e essa paixão não me passou – tenho-a na cabeça e no corpo –, por isso decidi fazer esta exposição onde transformo as minhas fotografia­s com a ajuda do Photoshop. No fim, pinto por cima.” É por essa razão que cada obra é única e não reproduzív­el. Criou 15 imagens de grandes dimensões (com 1,50 metros de lado) e 24 de menor tamanho, sendo que estas últimas mostram olivais. A artista segue sempre uma listagem oficial que lhe indica a idade das árvores. É assim que vai ter com elas. “Parece que há oliveiras ainda mais velhas no Líbano, no Norte, com quase oito mil anos, mas esta não é uma boa altura para viajar para lá.” Até agora, a mais velha que fotografou tem 4000 e é uma raiz que encontrou na Sardenha. Renée vive em Portugal há muitos anos, criou cá uma família, tem filhos e netos portuguese­s. Veio nos anos 70, esteve entre 1972 e 1974 em Angola (onde se dedicou a filmar os musseques) e foi uma das fundadoras da Mar Filmes, distribuid­ora especializ­ada em películas portuguesa­s antigas e em cinema africano. Antes, chegou a trabalhar com Andy Warhol.

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• De 13/7 a 30/9
• 10h-18h (Sáb. 14h-18h)
• Fecha dom.
• Grátis
NOWAND EVER: OLIVEIRAS LISBOA Museu das Comunicaçõ­es • De 13/7 a 30/9 • 10h-18h (Sáb. 14h-18h) • Fecha dom. • Grátis
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