PLANETA DOS MACACOS APE-OCALYPSE NOW
O trocadilho do título – “Ape” é Macaco em Inglês - não é ideia minha. A frase está escrita como um graffiti nos túneis que dão acesso a um campo de concentração onde centenas de macacos estão em trabalhos forçados. Antes, o acampamento dos símios sofreu uma emboscada que resultou em vítimas que Cesar - o líder, aquele que falou a primeira palavra em Planeta dos Macacos: A
Origem e foi evoluindo até ao estatuto de figura icónica – sentirá a compulsão de vingar. Não deixa de ser surpreendente como é que Matt Reeves (e, antes dele, Rupert Wyatt) pegaram neste título já gasto (e quase destruído por Tim Burton) e o transformaram numa fascinante trilogia, doseando com perícia as explosões e cenas de acção com os momentos subtis de construção de carácter e personagem. É um grande e dispendioso blockbuster de Verão onde o sol raramente aparece e são constantes as referências e reverências a clássicos como A Grande Evasão (1963) ou o já assinalado Apocalipse Now – em particular, na figura de Woody Harrelson, o Coronel enlouquecido que lidera um exército de fanáticos que fará tudo para impedir a extinção da raça humana. Andy Serkis, o mestre das personagens em computação gráfica, oferece a Cesar a convicção e o desgaste de um velho general. Porque é um filme de Guerra – e não são poucos os paralelos que Reeves estabelece com o conflito no Vietname, desde as lutas na selva ao calão “kong” para se referirem ao inimigo, que remete para “viet cong” – mas também uma reflexão sobre as motivações e consequências inerentes a qualquer conflito que se alimenta do sangue que vai derramando.