A ARQUITECTURA ENCONTRA A ARTE DA INCERTEZA
“A incerteza é uma condição à qual tudo tem que se adaptar” e João Ribas, curador da Bienal em Serralves e director adjunto do Museu, soube adaptar a temática ao jardim, a partir de uma relação muito directa entre a arquitectura, as obras de arte e a paisagem envolvente. “A arte não pode ser apenas experienciada dentro de espaços iguais, tem de propor novas formas de as pessoas se relacionarem com ela.” Esta afirmação conceptual deu lugar a uma relação orgânica com a cidade e com uma nova geração de arquitectos do Porto a quem foi endereçado um convite: construir cinco pavilhões para acolher obras de cinco artistas da bienal de São Paulo. dePA, Diogo Aguiar Studio, FAHR 021.3, fala atelier e OTTOTTO apenas sabiam que o pavilhão habitaria o parque e que a obra de arte em questão seria
em formato-vídeo. Hoje, ao ver as criações de Jonathas de Andrade (O peixe), Gabriel Abrantes (Os humores artificiais )–a quem foi encomendada uma co-produção feita de raiz com a Bienal – Bárbara Wagner e Benjamim de Burca (Estás vendo coisas), Priscila Fernandes (GOZOLÂNDIA), Cecilia Bengolea e Jeremy Deller (Sonho de Bombom), parece que estiveram desde sempre destinadas a coexistir com os seus pavilhões. “Foi absolutamente incrível”, nota João, para quem a ideia surgiu numa dinâmica de “extensão da própria obra” e como “projecto expositivo com uma dimensão externa”. Além destas exibições, a Incerteza Viva percorrerá o Museu e o Parque de Serralves até 1 de Outubro com obras de Lourdes Castro, Lais Myrrha, Leon Hirszman, Grada Kilomba, Sonia Andrade, Vídeo nas Aldeias, Carla Filipe, Alicia Barney e Öyvind Fahlström.