RICON, A QUARTA MAIOR SANGRIA EM 20 ANOS
O fecho do grupo têxtil fornecedor da Gant arrisca entrar para o top 5 dos maiores despedimentos colectivos
O fim do grupo têxtil Ricon pode atirar para o desemprego um número invulgar de trabalhadores: cerca de 580. Será o quarto maior despedimento colectivo em 20 anos, segundo dados da DirecçãoGeral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT) enviados à SÁBADO. A lista é liderada pelo despedimento em 2006 de 945 pessoas num fabricante automóvel (a DGERT não revela nomes das empresas, só sectores), ou seja, a Opel na Azambuja. É um marco que destoa numa conjuntura em que o desemprego, a avaliar pelos dados do INE, pode cair abaixo de 8%.
À hora de fecho desta edição, um dia antes das assembleias de credores do braço fabril do grupo de Famalicão, havia um caminho estreito para a salvação. O gestor de insolvência falava em contactos com investidores para tentar resgatar a parte industrial do negócio, com 380 trabalhadores.
A Ricon tornou-se o maior fornecedor do grupo internacional Gant nos anos 80, começou a abrir lojas dessa marca na década de 90, altura em que criou uma marca própria, a Decénio. A diversificação em 2009, para a aviação privada e concessionários Porsche, falhou. Pedro Silva, o proprietário, desfez-se dos negócios fora do têxtil e vendeu a Decénio, mas a refocagem já não veio a tempo. Aos atrasos nos pagamentos que vinham da Ricon, a Gant internacional respondeu com um corte fatal nas encomendas. Segundo o Negócios, as 20 lojas da Gant já não vão abrir esta semana.