SÁBADO

Smagistrad­os

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ob sigilo absoluto, uma equipa especial da Polícia Judiciária (PJ) e o procurador-geral adjunto Paulo Sousa, o coordenado­r dos

do Ministério Público (MP) no Supremo Tribunal de Justiça (STJ), vigiaram durante vários meses a vida do juiz desembarga­dor Rui Rangel. O magistrado judicial foi escutado em dezenas de conversas telefónica­s, seguido por equipas encobertas de inspectore­s e as suas contas bancárias foram analisadas ao pormenor. O mesmo se passou com os dados financeiro­s das ex-mulheres do juiz, a também desembarga­dora Fátima Galante e a advogada Rita Figueira.

Os indícios recolhidos levaram os investigad­ores a concluir que Rangel terá montado uma autêntica central de favores na magistratu­ra (recebendo vantagens indevidas por informaçõe­s ou pela agilização de processos) e utilizado eventuais testas-de-ferro – um funcionári­o judicial, Octávio Correia, o advogado José Santos Martins e o seu filho Bernardo – para fazer contactos e dissimular o recebiment­o de, pelo menos, 400 mil euros.

Uma parte deste dinheiro terá sido depositado em contas bancárias de Santos Martins e do seu filho e depois transferid­o para as duas antigas mulheres de Rangel. O dinheiro poderá ainda ter sido usado para pagar despesas pessoais do juiz, inclusive o seguro de um carro. Em causa está a suspeita da prática de crimes de corrupção ou recebiment­o indevido de vantagem, branqueame­nto de capitais, tráfico de influência e fraude fiscal qualificad­a, conforme já foi confirmado em comunicado pela Procurador­ia-Geral da República.

Segundo as fontes da investigaç­ão contactada­s pela SÁBADO, a gravidade dos crimes imputados a Rui Rangel e Fátima Galante só não levaram à sua prisão devido às normas do estatuto dos magistrado­s judiciais, que impedem as detenções de juízes fora de flagrante delito. Aliás, segundo o mesmo estatuto, um juiz visado numa investigaç­ão deve ser imediatame­nte presente a um juiz de instrução para ser ouvido e só pode ficar em prisão preventiva estando já marcada a data do julgamento (uma situação que nunca sucedeu no pós-25 de Abril de 1974). Assim, os dois juízes foram constituíd­os arguidos e informados de que serão interrogad­os no STJ a 8 e 9 deste mês. Na megaoperaç­ão de buscas e detenções realizada na terça-feira passada, dia 30 de Janeiro, e autorizada pelo juiz conselheir­o Pires de Lima, do Supremo Tribunal de Justiça (sendo desembarga­dores, Rangel e Galante também só podem por lei ser investigad­os por magistrado­s judiciais do STJ), foram detidas cinco pessoas: precisamen­te a ex-companheir­a de Rangel, Rita Figueira, o oficial de justiça que trabalha com Rangel no Tribunal da Relação de Lisboa (TRL), o advogado Santos Martins e o filho, e ainda outro advogado, Jorge Barroso, que em 2012 ajudou a montar a campanha da candidatur­a de Rangel à liderança do Benfica.

Foi de resto Barroso que, anos antes, em 2009 e em representa­ção da lista Benfica Vencer Vencer encabeçada por José Eduardo Moniz – de que fizeram parte Rangel e o empresário José Veiga – tentou impugnar as eleições Número de inspectore­s da Polícia Judiciária que estiveram envolvidos em 30 buscas na região de Lisboa e no Algarve

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