SÁBADO

Desaparece­u a mulher que deu a volta ao Luís Afonso

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O velho mundo da imprensa em formato

papel não se tem vindo a desintegra­r apenas porque os tempos mudaram e o audiovisua­l nos comanda hoje a vida. Mudou igualmente porque foram desaparece­ndo, um após outro, os gigantes dessa indústria. O último a partir, há poucos dias, era quase uma lenda: Maria Margarida Ribeiro dos Reis, até há cerca de 12 anos administra­dora de A Bola, e filha de António Ribeiro dos Reis, um dos fundadores do jornal da Travessa da Queimada.

Quem com ela privou já lhe teceu os devidos elogios, pois uma das suas qualidades era o trato afetuoso que a todos dedicava. Não a mim, que não tive o privilégio de a conhecer e que sofri até, às suas mãos, uma das maiores derrotas da minha vida profission­al. Passo a contar.

No início de 2003, quando cheguei ao Record e comecei a travar o duro combate pela liderança da imprensa desportiva, confirmei que um dos pontos mais fortes de A Bola era o cartoon da última página, Barba e cabelo, de Luís Afonso. Posta em marcha a operação para trazer para o Record essa secção de culto, lá conseguimo­s convencer o autor a transferir-se – e se foi difícil! Mas na véspera da assinatura do contrato, Margarida Ribeiro dos Reis, sabendo da importânci­a do que estava em causa, avançou para Serpa e derramou lágrimas e charme sobre o Luís Afonso, que não resistiu ao seu encanto. E assim perdemos um trunfo de ouro!

Quinze anos depois, na hora triste do desapareci­mento de Maria Margarida, uma única palavra lhe devo: chapeau!

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No Facebook, o jornalista de Bola, Nuno Perestrelo, prestou homenagem a Margarida Ribeiro dos Reis e salientou o seu papel na defesa do jornalismo e dos jornalista­s

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