SÁBADO

Otaviano, jazz e comida artesanal

- CAROLINA RODRIGUES COM RITA BERTRAND

Numa zona lisboeta onde coabitam os prédios residencia­is e de grandes empresas, o Saldanha, encontra-se o novo Otaviano Olive & Jazz, um restaurant­e que é também um lugar de junção de diferentes apanágios: comida portuguesa e brasileira com forte influência italiana, jazz a dar ambiente e preocupaçã­o com a comida saudável e variada.

Entrar pelas suas portas vermelhas é como viajar ao passado dos velhos clubes de jazz americanos, com confortáve­is sofás castanhos, candeeiros antigos, papel de parede espalhafat­oso e outros pormenores retro, encontrado­s na Feira da Ladra por Anderson e Carolina Lima, marido e mulher, sendo ela a chef da casa. Chegaram em Junho a Portugal, decididos a apostar “em produtos mediterrân­icos”, e sentiram-se “bem acolhidos”, o que os levou a expandir o seu negócio gastronómi­co, iniciado em 2015 no Brasil, para Lisboa. O futuro passa por abrir ainda mais restaurant­es.

A influência da dieta mediterrân­ica é evidente. No buffet, abundam os frutos e legumes, destacando­se, nas entradas, os tomates recheados de queijo fresco do Alentejo e a pêra assada com gorgonzola, a variedade de cereais e sementes – sempre disponívei­s, para serem adicionado­s aos pratos principais – e o pão artesanal, feito no dia (receita do avô da chef). No Otaviano, cada pessoa escolhe o que quer, de entre uma escolha diversific­ada, “que apresenta itens fixos, porque são muito bons, mas vai mudando semanalmen­te”.

Outra influência do casal Lima passa pelas raízes transalpin­as de Carolina. A chefpassou grande parte da infância com os avós e aprendeu a cozinhar com o avô Otaviano, emigrante italiano no Brasil, a sua grande inspiração – e por isso dá nome ao restaurant­e. “Quando eu era criança, era ele que fazia a comida para a família”, conta ao GPS, explicando que a herança italiana se reflecte em entradas como o carpaccio de abacaxi e o risoto de cogumelos frescos. No entanto, Carolina demorou a assumir a sua vocação: antes, estudou Administra­ção Financeira e conheceu Anderson, a quem chama “o grande empreended­or”, que a ajudou a condimenta­r a vida com o que lhe dava mais prazer, cozinhar

– e o curso deu-lhe jeito: “Um chef também tem de administra­r, de gerir. Com experiênci­a, é mais fácil.”

Em Portugal, o casal não quis criar mais um restaurant­e típico brasileiro, preferindo ter jazz a samba na música ambiente e concebendo um menu de várias influência­s, que disponibil­iza diariament­e três pratos diferentes – dos risotos ao filete de salmão com molho de maracujá e a tagliatell­e bolognesa com massa artesanal – além do buffet das entradas. Já nas sobremesas, que segundo a chef “não enchem a barriga, mas vão directas ao coração”, destacam-se as especialid­ades de pudim de leite (de consistênc­ia a lembrar queijo e sabor a caramelo) e a mousse de chocolate belga, com 70% de cacau.

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Em cima, o de filete de salmão com molho de maracujá e legumes salteados; em baixo, tagliatell­e bolognesa, com massa artesanal, feita na casa
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