SÁBADO

Enquanto a música me der prazer, vou continuar a correr

De Belém a Carcavelos (e o caminho de volta), falámos com Miguel Ângelo sobre o novo trabalho, a adolescênc­ia e a constante vontade de inovar

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DA ESTAÇÃO FLUVIAL de Belém até à praia de Carcavelos (pela Avenida Marginal) são 13,9 quilómetro­s de distância. Na meia hora em que durou a viagem, Miguel Ângelo contou como, quando era miúdo, gostava de ir à praia do Estoril com a mãe porque pelo caminho passavam por uma jukebox e punha sempre uma canção a tocar. Miúdo do Estoril que tinha (e tem) um fascínio pelos The Beach Boys, mas que nunca conseguiu aprender a surfar porque passava o tempo a ensaiar, lançou agora um novo tema que teve direito a edição em maxisingle. Grotesco é o novo tema do músico dos Delfins e dos Resistênci­a e é uma canção que deixou o músico bastante satisfeito. Em estúdio a preparar o terceiro disco de originais a solo, Miguel Ângelo diz que continua a tirar imenso prazer da música. “Enquanto isto me der prazer, vou continuar a correr”, diz-nos, explicando que adora o trabalho de estúdio, mas que nada se compara à sensação de tocar ao vivo. “Gosto muito de estar em estúdio, mas aquilo é masoquista. São dias e semanas de ansiedade, frustração e incertezas. Mas gosto obviamente disso. Senão, não fazia discos. Mas tocar ao vivo é o prazer total”, assegura, garantindo que em palco se liberta completame­nte e esse apelo de liberdade ainda não perdeu o encanto. O que também não perdeu o encanto para o músico português foi a sensação de experiment­ar coisas novas. Daí ter voltado ao estúdio para continuar a inovar, sem pensar nas rádios ou nos tops de vendas – “Há pessoas mais novas que fazem isso muito melhor do que eu. Agora estou mais interessad­o em fazer tudo aquilo que me apetece.” E porquê o lançamento em vinil? “Porque neste momento é o formato mais interessan­te para se lançar música, já que o digital e o streaming tomaram conta do mundo. Acho interessan­te termos um objecto bonito em que se pode tirar partido de uma boa fotografia.” Em Carcavelos, surge uma certa nostalgia, dos tempos em que vinha à praia para estar com os amigos e namorar naquele “extenso areal” onde nunca aprendeu a surfar.

Esta rubrica tem o apoio à produção da smart

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