CONTRATAÇÕES ATRASADAS NA SAÚDE
Em Abril de 2017 o ministro disse que poderiam entrar 55 psicólogos para os cuidados de saúde primários. Em Janeiro anunciou a abertura para breve de um concurso para médicos especialistas. Nenhum se concretizou
CONTRATAÇÃO PÚBLICA
A 6 de Abril de 2017, Adalberto Campos Fernandes anunciou que estava a estudar com o Ministério das Finanças a contratação de 55 psicólogos para os cuidados de saúde primários. A meta era concluir o processo até ao fim do ano. Mas passaram-se 270 dias e “isso não aconteceu”, revela à SÁBADO o bastonário dos Psicólogos, Francisco Miranda Rodrigues. “Há uma dificuldade grande – que foi dita pelo ministro à comunicação social – de o Ministério das Finanças autorizar a contratação”, refere. A ideia “parou na secretaria de Estado do Orçamento. Quando se perguntou na Assembleia da República, o ministro [disse]: ‘Já foi.’ Mas não foi lançado concurso”. Ou seja, o número circulou nas notícias, mas nada avançou. Contactado pela SÁBADO, o Ministério da Saúde (MS) enviou dados que indicam que foram contratados 62 psicólogos – mas desde o início do ano. Já Miranda Rodrigues considera que a maioria já trabalhavam no Serviço Nacional de Saúde. A cerca de 30 foi-lhes apenas alterado o vínculo: estavam a recibos verdes. O Ministério acrescenta que para 2018 estão previstos mais 40 no Orçamento de Estado. A denúncia dos psicólogos é acompanhada também pela dos médicos. A 10 de Janeiro, a Ordem classificou como “uma vergonha nacional” o facto de o MS ainda não ter aberto concurso para os clínicos que tinham terminado a especialidade em Abril e Outubro do ano passado. Nesse mesmo dia, Campos Fernandes disse no parlamento que o concurso seria lançado “dentro de dias”. Mais de um mês depois, a situação mantém-se, confirmou à SÁBADO fonte oficial da Ordem. “Mesmo na altura mais calamitosa da troika, todos os médicos que se especializaram na área hospitalar e saúde familiar foram contratados”, acusa Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos. Mas para “os cerca de 100 médicos que concluíram a especialidade em Outubro de 2017 não houve concurso ainda”. E a situação vai piorar, prevê: “Estamos a chegar a Abril, altura em que vão sair cerca de 350 médicos de família e 600 hospitalares.”