SÁBADO

OS 44 CRÉDITOS MALDITOS NO NOVO BANCO

O presidente do Novo Banco admitiu que a venda à Lone Star foi “o possível” – e criticou a gestão do BES

- Bruno Faria Lopes

Para quem queria saber por que razão o Novo Banco ainda apresenta prejuízos enormes mais de três anos depois da resolução do BES, o presidente do Banco, António Ramalho, deu uma semi-resposta: há 44 créditos que concentram “o grosso” dos problemas, disse em entrevista ao Jornal de Negócios eà Antena 1, a primeira desde que 75% do banco foi vendido aos norte-americanos do Lone Star. A identidade dos devedores, protegida pelo sigilo bancário, foi deixada de lado por Ramalho, mas o gestor adiantou que são “créditos imobiliári­os sem garantias” ou “créditos à compra de empresas com garantia de acções”. Todos os devedores problemáti­cos são empresas – aliás, 89% das imparidade­s contabiliz­adas na limpeza do banco são de clientes empresaria­is, revelou. António Ramalho usou os números das perdas para deixar uma crítica implícita à liderança do antigo BES, apontando que “a qualidade do crédito não era a melhor”. O presidente do Novo Banco não descartou a apresentaç­ão de mais prejuízos este ano. Isto significa, na prática, que é provável que o Estado tenha mais uma vez de emprestar dinheiro ao Fundo de Resolução para este colocar no Novo Banco – é o que resulta do acordo de venda feito com o “fundo-abutre” Lone Star, um negócio que António Ramalho considerou ser “o possível”. Há um ano, quando foi assinado o contrato-promessa para venda do banco, uma fonte negocial portuguesa reconhecia à SÁBADO que todos esperavam que a garantia pública fosse accionada – isto apesar de o discurso político desvaloriz­ar esse risco. Para já serão emprestado­s 450 milhões de euros, para ajudar a cobrir o rombo no capital do banco decorrente das perdas-recorde assumidas em 2017.

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