HÁ UM BUZZ EM LISBOA... E SERVE BRUNCHES
ÂNGELA MARQUES Entre fumadores, há uma crença que ganha a todas as outras – a de que se um autocarro demorar a aparecer na paragem bastará, para o fazer surgir, que um cigarro se acenda. No Village Underground Lisboa, há um autocarro que nunca se atrasa. Aliás, parece sempre acelerar para novos projectos. Agora, mudou de nome e de chef. Eis o Buzz Lisboeta – eo brunch que ele esconde lá dentro. O autocarro é o mesmo (e se treme um pouco quando lá se entra, seguramente não cai): dois andares transformados pela artista Joana Astolfi, com bancos confortáveis e vista para a ponte 25 de Abril, são um restaurante chefiado por Frederico Nobre Leitão. Além do novo brunch ,o chef instituiu que as quartas-feiras serão dia de bitoque da vazia com chips de batata-doce caseiras e que as sextas-feiras serão dia de risoto. Frederico, que estudou e trabalhou oito anos em Barcelona, passou pela Escola Pastisseria Gremio, onde terá aprendido tudo sobre sobremesas com Oriol Balaguer (melhor
chef-pasteleiro de Espanha em 2008 e 2018), tendo criado aquela que quer que seja uma sobremesa icónica do Buzz Lisboeta, a Charlie Brown, uma tarte de chocolate com manteiga de amendoim que, segundo a gerência, esgota assim que é feita no autocarro. Em Barcelona, o chef foi também cozinheiro no grupo Tragaluz e no regresso a Lisboa trabalhou com Fausto Airoldi no Casino de Lisboa e na Cevicheia, com o
chef Kiko.
Para os fins-de-semana no autocarro, Frederico Nobre Leitão criou um menu de brunch que corre o risco de fazer o mais difícil: agradar a gregos, a troianos e até a vegetarianos e veganos. Deste menu (que custa €18 e é um daqueles brunchs que combina bem o pequeno-almoço em esteróides com o almoço preguiçoso) fazem parte uma flûte de espumante com frutos vermelhos, um cesto com um
croissant francês, um bagel eum waffle (acompanhados de manteiga, compota e mel de flores), uma
bowl com iogurte, granola artesanal e fruta, um sumo natural, uma bebida quente e uma caçarola de ovos ou tofu no forno com três ingredientes à escolha, servidos com pão de trigo da Gleba e queijo-creme com cebolinho, húmus ou guacamole. Além do menu de
brunch, o Buzz Lisboeta tem uma carta de tostas, wraps e saladas a que valerá a pena prestar atenção (mais 2018 seria impossível: para bem de outros nossos pecados, o desfile de abacate e quinoa continua a passar por aqui). A piada está feita: não pode perder este autocarro. E daí… fica um aviso: a entrada para o restaurante faz-se pela Rua Primeiro de Maio, 103, a mesma do Museu da Carris, que tem uma cancela. Pode acontecer ser-lhe pedido o Cartão de Cidadão. A gerência pede-lhe paciência – está a trabalhar na abertura de um outro portão com acesso mais directo ao Buzz Lisboeta.