UM DOS RESTAURANTES
clássicos da Calçada do Duque, em Lisboa, mudou de dono, de rosto e de carta. Rui Rebelo comprou o Oficina do Duque – bem no topo da escadaria – há um ano e, sem vergonha de se assumir dono e senhor, atreveu-se, na maior das liberdades, a reproduzir a sua própria personalidade no espaço e nos pratos, o que significou imprimir o que chama de “dicotomia entre o ordinário e o extraordinário”, representado no casamento entre pormenores decorativos em talha dourada, a contrastar com o cimento cru das paredes. “É um pouco como o que vês nos pratos”, diz o chef, depois de ter servido ao GPS um jantar em que mostrou alguns elementos da renovada carta. O que vimos, então, nos pratos, sentados junto à parede decorada com antigas e arcaicas ferramentas do “ofício da cozinha”, muitas delas ferrugentas? Vimos – e provámos, entenda-se –, borrego confitado (a baixa temperatura durante 16 horas), que chegou à mesa acompanhado com cuscuz vermelho e de uma bola de gelado de hortelã. Se de início o quente e o (muito) frio causaram alguma estranheza, à medida que o gelado derretia – e não demorou muito – e alagava o prato, cumpria-se a sua função: ser o molho que faz a ponte entre os sabores ricos da carne e o couscous neutro. Durante o primeiro ano, o Oficina do Duque só servia jantares – em média 260 por dia, segundo o chef. A partir de Abril, no entanto, passa a abrir diariamente também ao almoço, mantendo-se aberto até ao jantar. As tardes de Verão na escadaria prometem.