SÁBADO

LAURA VEIRS FAMILIAR É BOM

- RITA BERTRAND CRÍTICA

Quando o assunto é folk, a simplicida­de costuma ser a melhor solução. Laura Veirs, que agora assina o seu décimo álbum,

The Lookout, sabe-o melhor que ninguém, e mostra-o inequivoca­mente a quem a segue há quase 20 anos, desde que se estreou em 1999 com um disco homónimo, caseiro, apenas com a voz e a guitarra dela. Claro que desde então evoluiu muito e fez crescer os arranjos – com violinos e teclados sonhadores, muita slide guitar, típica da country, a sublinhar as harmonias –, mas até hoje conseguiu sempre escapar aos exageros rococó que tantas vezes sobrecarre­gam as canções e acabam por destruir carreiras de valor.

Veirs, cantora e compositor­a exemplar em elegância e contenção, não corre esse risco. Ainda por cima, a sua veia lírica, agora que se aproxima dos 50 anos (nasceu

em 1973), está cada vez mais apurada: cada uma das suas 12 letras guarda histórias de profunda humanidade ou viaja por um mundo de emoções, quase sempre a soar bucólicas, mesmo quando a temática é menos feliz: na magnífica Seven Falls, por exemplo, assume-se fria para aqueles que ama, como quem lhes pede perdão por errar. É um dos grandes momentos de um registo quase imaculado, que tem em Watch Fire, em dueto com Sufjan Stevens, a sua faixa mais romântica, secundada pela balada contemplat­iva The Meadow e a quase étnica (de sopro oriental) When It Grows Darkest .Já a faixa titular é ritmada, quase dançável, mas não destoa num disco que soa familiar – no bom sentido, aquele que remete para conforto e não para previsibil­idade – logo à primeira audição.

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TTTTw THELOOKOUT Folk • Ed. Pias €16,90
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