SÁBADO

História da Louis Vuitton chega ao Thyssen, em Madrid

A um ano dos 165, a marca celebra a sua história centenária com a exposição TimeCapsul­e no Museu Thyssen-Bornemisza, em Madrid

- TEXTO INÊS MENDES OLIVEIRA

Em 1854 nascia um promissor negócio de baús em França. O seu fundador, Louis Vuitton, tinha-se mudado com apenas 16 anos para Paris, para trabalhar como artesão numa oficina. Aí, durante 17 anos, aprendeu a arte de personaliz­ar baús de viagem, de acordo com as preferênci­as dos seus clientes. Só depois abriu o seu próprio ateliê, a norte da capital, e em apenas 40 anos já empregava 100 pessoas, mais 80 que a equipa original, e as encomendas do estrangeir­o não paravam de chegar. Foi então, em 1890, que Georges Vuitton (filho de Louis) patenteou a icónica fechadura de cinco chaves. Curiosamen­te, pai e filho estavam tão confiantes de que este cadeado era impenetráv­el que desafiaram o ilusionist­a Houdini a testá-lo. Já a tela de monograma, que é agora a imagem de marca da Vuitton, foi criada, por sua vez, com o intuito de dissuadir falsificaç­ões.

O tempo ditaria que esses baús ganhassem rodas e se transforma­ssem em malas de viagem. A mente criativa da família ordenaria que as malas de viagem diminuísse­m de tamanho e, em 1930, já com Georges Vuitton à frente da marca, foi criado o modelo Keepall, um dos mais conhecidos. Daí até a marca se afirmar no mundo da moda foi um ápice. Em 1997, Marc Jacobs foi nomeado director criativo. A ele sucedeu-se Nicolas Ghesquière como a mente criativa que tem assinado as últimas colecções de mulher. Com uma longa história, reconhecid­a internacio­nalmente e sempre conectada às suas origens, a Louis Vuitton mereceu o título de maison.

Agora, a exposição Time Capsule, patente no Mu-

seu Nacional Thyssen-Bornemisza, em Madrid, narra estes mais de 160 anos de história através dos objectos e documentos mais relevantes dos arquivos da Louis Vuitton. Além dos históricos baús, a

maison traçou os seus códigos intemporai­s, dos quais é inseparáve­l: o hardware (as peças metálicas que protegem as esquinas dos baús, a fechadura e as tiras metálicas); os estampados com o monograma que têm decorado todas as suas peças; as peles italianas como matéria-prima; e o padrão malletage (riscas diagonais cruzadas), que forrava os baús e que, nas peças mais recentes, saiu da caixa para ganhar lugar de destaque, são os principais símbolos da Louis Vuitton – e, de 17 de Abril a 15 de Maio, a exposição percorre esta linha temporal traçada por peças históricas, que se intercalam com as mais contemporâ­neas numa ode a uma das casas mais antigas e à sua constante inovação tecnológic­a: depois de ter criado os baús para as viagens de comboio, adaptou-os aos novos meios de transporte, dos carros e barcos a vapor aos aviões.

A exposição – que já passou por Hong Kong, Dubai, Xangai ou Berlim – chega agora a Madrid para dar a conhecer a essência da Louis Vuitton, marca apaixonada por viagens e orgulhosa do trabalho minucioso dos seus artesãos que trabalham as peças à mão. A mostra estará dividida em seis temáticas: The Keys to

the Codes (os elementos distintivo­s da Louis Vuitton);

Journeys Around the World; Elegance in Motion (dedicada à forma como a marca permitiu que os seus clientes viajassem com estilo); Icons of The House (os símbolos); Magic Malle (os baús) e Artisans Room (dedicada aos ofícios dos artesãos).

 ??  ?? Este baú de 1923, revestido a cobre, é também uma secretária com gavetas
Este baú de 1923, revestido a cobre, é também uma secretária com gavetas
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 ??  ?? Sac à dos Shearling, de lã, da colecção de Outono/Inverno 13/14, desenhada por Kim Jones
Sac à dos Shearling, de lã, da colecção de Outono/Inverno 13/14, desenhada por Kim Jones
 ??  ?? Modelo Alma (inspirado na ponte com o mesmo nome que liga dois bairros em Paris) com o famoso padrão malletage criado por Nicolas Ghesquière, da colecção de Outono/ Inverno 14/15
Modelo Alma (inspirado na ponte com o mesmo nome que liga dois bairros em Paris) com o famoso padrão malletage criado por Nicolas Ghesquière, da colecção de Outono/ Inverno 14/15
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 ??  ?? Das peças mais antigas (1885), o modelo Malle-lit abre-se para dar lugar a uma cama
Das peças mais antigas (1885), o modelo Malle-lit abre-se para dar lugar a uma cama
 ??  ?? O modelo Noe é original de 1932 e foi criado por Gaston Louis-Vuitton a pedido de um produtor de champanhe, para transporta­r as garrafas
O modelo Noe é original de 1932 e foi criado por Gaston Louis-Vuitton a pedido de um produtor de champanhe, para transporta­r as garrafas
 ??  ?? Porta-fatos Demi-soufflet em pele, data de 1910
Porta-fatos Demi-soufflet em pele, data de 1910
 ??  ?? Modelo Keepall criado em parceria com os designers Jake e Dinos Chapman, da colecção de Primavera/ Verão 2017
Modelo Keepall criado em parceria com os designers Jake e Dinos Chapman, da colecção de Primavera/ Verão 2017
 ??  ?? Desenhado por Ghesquière, esta petite malle da colecção Cruise de 2015 é uma reinterpre­tação dos arquivos da Louis Vuitton
Desenhado por Ghesquière, esta petite malle da colecção Cruise de 2015 é uma reinterpre­tação dos arquivos da Louis Vuitton
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