SÁBADO

Imprimir casas de cimento em menos de 24 horas

Uma impressora de 3D que promete fazer T2 em menos de 24 horas está a chegar a países menos desenvolvi­dos. Custa pouco mais de 5 mil euros e em 2019 vai construir 100 apartament­os.

- Por Dina Arsénio

Tem uma área de 35 m2 com quarto, sala, casa de banho e alpendre. Foi construída durante uma tempestade, com vento forte, em apenas 48 horas num bairro em Austin, no Texas. Como? Através da impressora Vulcan, que imprime em 3D utilizando cimento em vez de plástico, colocando camada sobre camada. O conceito não é novo – as impressora­s 3D foram inventadas nos anos 80 –, mas pela primeira vez construíra­m casas de cimento com um objectivo: ajudar os mais de 1,2 mil milhões de pessoas sem habitação adequada nos países em desenvolvi­mento, segundo indica um relatório de 2017, do World Resources Institute.

A ICON, uma empresa de construção tecnológic­a, e a New Story, uma associação sem fins lucrativos que, desde 2015, tem vindo a angariar fundos para construir casas em El Salvador, Haiti e Bolívia, decidiram unir-se numa parceria para criar a solução no passado mês de Março. “A casa impressa em 3D é uma mudança de paradigma que tem vantagens incríveis em velocidade, acessibili­dade, resiliênci­a, sustentabi­lidade, redução de resíduos”, disse Jason Ballard, co-fundador da ICON, à rádio Voz da América.

Depois de a primeira casa impressa nos Estados Unidos, a 12 de Março, durante o Festival South by Southwest ser testada como um escritório, a impressora – que é portátil – vai seguir para El Salvador, na América Central. No país onde são frequentes terramotos, inundações e erupções vulcânicas, vão ser construída­s casas já nos próximos meses. A tarefa não é fácil: querem imprimir casas com áreas de 56m2 a 74m2, em menos de 24 horas e que sejam

“EM VEZ DE DEMORAR UM ANO PARA CONSTRUIR UMA COMUNIDADE, AGORA SÃO APENAS UNS MESES”

resistente­s a condições climáticas extremas e restrições imprevisív­eis (pouca água e falhas de energia). “Em vez de demorar cerca de um ano para construir uma comunidade, nós podemos fazê-lo apenas em alguns meses”, explicou Brett Hagler, CEO da New Story. Em 2019, esperam construir uma aldeia com 100 casas impressas no local.

Quanto custa uma casa?

Tudo isto apenas é possível devido à angariação de fundos realizada pela associação. “Uma casa custa cerca de 5.292 euros e acreditamo­s que vamos conseguir baixar para 3.255 euros”, explicam.

Quem ficar com as casas em El Salvador – onde o salário médio ronda os 293 euros – terá de pagar 24 euros por mês, sem juros, durante 10 anos. O dinheiro irá para um fundo comunitári­o de modo que se possam construir mais casas e reestrutur­ar as existentes, caso haja problemas. Se o projecto for bem-sucedido, o próximo passo será expandir para outros países em vias de desenvolvi­mento.

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Tudo é construído pela impressora, menos a instalação eléctrica e as janelas
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Depois da experiênci­a no Texas, a New Story vai para El Salvador

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