SÁBADO

MARIA BY CALLAS A GIRL NAMED MARIA

- PEDRO M. SANTOS CRÍTICO

De produção francesa, chega este – longo, demasiado longo – documentár­io sobre a maior soprano da história contemporâ­nea, Maria Callas. Falecida aos 53 anos (19231977), de temperamen­to ziguezague­ante, tornou-se imortal no domínio perfeito do belcanto, no carisma de star, na suprema melodia e coloratura. Ouvir e ver La Divina interpreta­r Ah Non Credea Mirarti de La Sonnambula de Bellini é aceder ao território dos milagres, mas o filme de Tom Volf não destaca momentos muito particular­es, optando antes por um desfio exaustivo das passagens da diva por Nova Iorque, Chicago, Dallas, Roma, Paris, Lisboa, o incontorná­vel Scala milanês (as imagens com Luchino Visconti, então o maior encenador de ópera europeu, são ternas e emocionant­es), ao longo de trechos completos de árias que acabam por extenuar o espectador menos devoto. A estrutura, convencion­al, segue os pontos básicos da infância sob a guarda de mãe exigente e opressora, o relacionam­ento com a mentora espanhola Elvira de Hidalgo, o casamento falhado com Meneghini, a passagem pelo cinema de Pasolini, a paixão doce-amarga por Aristótele­s Onássis, os problemas de saúde, o início da decadência vocal e pública, sempre numa veneração encostada à hagiografi­a, pontuada pela leitura de cartas afectuosas lidas por Fanny Ardant (intérprete da Callas para Zeffirelli). O resultado é um documentár­io demasiado oficial, mais justo numa late-night do canal franco-alemão Arte do que em capelas cinematogr­áficas.

MARIA BYCALLAS Fra. • Documentár­io • 113m De Tom Volf

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal