A partida para a Grande Guerra
1917
Os soldados do Corpo Expedicionário Português (CEP) marchavam no cais de Santa Apolónia em direcção às embarcações britânicas que os levariam à Flandres, quando o fotógrafo Joshua Benoliel disparou. Esta célebre imagem, que tem no centro uma aparente despedida (mas será que o militar português conhecia esta rapariga?), não é uma das muitas fotos de época que o médico nonagenário Manuel Sá-Marques tem expostas na sua casa lisboeta. Mas tem outras de época, sobretudo as que incluem o seu avô, o Presidente Bernardino Machado, responsável pelo envio dos militares nacionais para a Grande Guerra. “Não foi fácil” a decisão, diz à SÁBADO. “Ninguém gosta de guerras. Mas são precisas. O meu avô era um homem pacífico, mas defendeu a nossa intervenção sempre.” A participação nacional serviria para fortificar a presença portuguesa em África. Pouco depois, em Dezembro de 1917, o chefe de Estado seria deposto por Sidónio Pais. E partiria para o seu primeiro exílio. A fraca participação portuguesa nas lutas da Flandres contra os inimigos do Eixo não foi alheia às razões para este golpe. Cerca de 2 mil militares portugueses terão morrido.