SÁBADO

Salazar, o ditador

1941

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Era um formal: vestia-se sempre de fato com colete. Só por uma vez, a bordo de um iate do seu amigo Theotónio Pereira, foi apanhado nas fotografia­s com uma camisola de gola. Nesta imagem, que foi usada para um busto que lhe foi feito, António de Oliveira Salazar voltou a repetir o célebre e formal uniforme. Questionad­o há algum tempo pela SÁBADO, o historiado­r Jaime Nogueira Pinto estranhava até a disponibil­idade do ditador para que lhe fizessem uma estátua. Ao contrário do italiano Mussolini ou do espanhol Franco, que tem “dezenas”, “Salazar não era muito de cultos de personalid­ade. E tinha uma noção muito pessimista do futuro do regime.” Nogueira Pinto recordou até “uma anedota que parece verdadeira”, de que o ditador não queria que se desse o seu nome à ponte que liga a Margem Sul a Lisboa. Acabaria por ficar com essa designação até que depois da revolução lhe chamaram 25 de Abril. O feeling político de Salazar, que governou durante cerca de 35 anos até 1968, estava correcto: o regime só lhe sobreviveu por mais seis anos. No entanto, a 28 de Abril de 1941 Salazar esteve com o seu governo na cerimónia de descerrame­nto do seu busto, da autoria do escultor Francisco Franco, no Ministério das Finanças. E se Salazar não ficou marcado pelo seu busto, o escultor ficou marcado pelas encomendas do Estado Novo.

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