SÃO SÓ DESCULPAS ESFARRAPADAS
Diz-se feita de 99% desculpas e 1% algodão. A Desculpa Babe é a nova marca lisboeta de T-shirts que vive confortável com perdões cheios de falsidade e autoconfiança, sem medo do que os outros possam pensar.
DONALD TRUMP podia usar estas T-shirts. “Ele pede desculpa mas não está arrependido”, pensa alto Susana, que logo a seguir reconhece que não é este político que gostaria de associar à sua marca recém-nascida. A marca preferia assentar em pessoas como Alexandra Lencastre, Manuela Moura Guedes
A marca Desculpa Babe é para “todas as pessoas que tenham segurança em si mesmas, que vão continuar a ser como são e que se estão nas tintas”
ou Cristina Ferreira, diz Maria, também fundadora desta empresa que quer vestir “todas as pessoas que tenham segurança em si mesmas, que vão continuar a ser como são e que se estão nas tintas”.
A ideia surgiu na cabeça de Maria Castello Branco, cabeleireira no Lisbaeta, no Chiado (Lisboa), quando recebeu uma mensagem da colega de casa a pedir uma falsa desculpa por ter deixado a janela aberta num dia de vento. “Uma mensagem muito grande, sem vírgulas e que no fim dizia ‘está vento desculpa babe’. A verdade é que ela não quis saber, viu que a janela estava aberta e não quis fechá-la, então culpou o vento.” Maria riu-se e assumiu que também a ela lhe fazia falta mais daquela atitude de quem pede desculpa mesmo não estando arrependido – e numa T-shirt, preferencialmente, para ficar logo tudo bem claro.
Foi na atitude “sorry not sorry” que se fundou esta marca, explica Susana Chaby Lara, que trabalha no Purex, bar do Bairro Alto. Foi com Susana que Maria começou a pôr ami-
gos e conhecidos a mexerem-se para lançar a primeira linha de T-shirts, agora à venda no
site. Site esse que tem T-shirts (€27), sacos de pano (€10) e isqueiros (a forma encontrada para pôr a expressão a andar de mão em mão, tornando-a reconhecida, €1,50), sem fogos-de-artifício, com uma mensagem rápida mas provocadora que dá nome à marca. As peças queriam-se minimais e a solução foi imitar a
T-shirt personalizada que a namorada de Maria já lhe tinha
“Estamos a perceber do que mais gostamos. Queremos ser unissexo – que toda a gente use e não seja uma coisa de género ou orientação sexual”
oferecido por graça – branca, com a frase bordada ao peito, sem pontuação, a vermelho, numa fonte bem clara: “Está vento, desculpa babe.” Resumindo, Maria e Susana pegaram na moda do normcore, feita de branco, preto e T-shirts com merchandising
– com logótipos à esquerda no peito e letterings que chamam os anos 90 – e misturaram-lhe esta atitude assertiva e cheia de frescuras que só salta à vista quando estamos suficientemente perto para ler as letrinhas. “Vivemos uma altura em que
less is more. Acho que é uma questão de não ter grandes coisas que distraiam da marca e do seu objectivo”, diz Susana. “Agora estamos a perceber em termos estéticos de que é que gostamos mais e o que pode funcionar melhor, porque homens e mulheres usam coisas diferentes e nós queremos ser unissexo – que toda a gente use e não seja uma coisa de género ou de orientação sexual”, continua.
As duas sócias começaram por falar com uma amiga dona de uma máquina de bordar e isso foi o suficiente para produzirem as primeiras 100 Tshirts que, desde o lançamento há menos de um mês, estão a voar. Depois encontraram Rosinda, que mora em Campo de Ourique e lhes cose as etiquetas à mão; um amigo fotógrafo tratou da imagem e, de repente, as desculpas saíram à rua – umas irónicas, como manda esta lei, outras sinceras (têm notado que nem toda a gente apanha o sarcasmo). Tudo bem, por elas – essa é até uma oportunidade de alargar o universo de compradores. Entretanto, as sócias acabaram por juntar ao “#Desculpa
babe” uma rosa, lembrando a flor que se oferece num pedido de desculpas sincero e abraçando as alturas em que apetece de súbito ser-se sincero. Há ainda planos para vender pólos, bonés e malas e personalizar peças de roupa através do site e juntar à expressão fundadora outras desculpas esfarrapadas.
Unapologetic, diriam Rihanna ou Madonna; em português, a tradução passará agora a ser “Desculpa babe”.W
HÁ MANEIRAS de facilitar o momento de aspirar que merecem aquela palmada na testa seguida de um “como é que não me lembrei disto antes?” – não da parte dos que aspiram, mas daqueles que têm por vocação pensar aspiradores. Afinal, tornar um aspirador alto o suficiente para que se mantenha a postura erecta enquanto se faz a lida da casa não terá resultado de um inalcançável desafio tecnológico. O mesmo para uma luz na ponta da pá – acende-se assim que se liga o aspirador para se ver as areias mais pequenas. O que dizer de umas rodinhas? Estão inventadas há milhares de anos e, se colocadas na pá, fazem com que o movimento do braço não implique grande força. E, claro: substituam-se os fios por uma bateria. Tudo ideias que teriam aparecido mais cedo umas décadas se os que criavam aspiradores fossem os mesmos que aspiravam.
O vertical Rowenta Air Force 460° junta tudo: alguém que já aspirou achará que andou enganado todo este tempo; quem nunca aspirou achará que é uma tarefa muito intuitiva, sem motivos para birras.
O único momento de conflito acontece quando se abre a caixa ainda por encetar e se encara mais de meia dúzia de escovas e aplicadores para limpar têxteis, chão delicado, pêlos de animais, rodapés – a lista continua. Felizmente identifica-se facilmente a mais vistosa – a tal com luzes e rodas –, que serve, garante a marca, todas as superfícies.