As crianças também sofrem de dores de cabeça
A ansiedade dos pais acaba por ser a principal dificuldade no tratamento
As cefaleias são a principal causa de absentismo escolar. A mais prevalecente é a cefaleia tipo tensão, que pode atingir 3% a 8% nos mais pequenos, com 3 ou mais anos de idade e pode chegar aos 51% em crianças com 7 anos, segundo a Sociedade Portuguesa de Neuropediatria. Já a enxaqueca surge sobretudo nos adolescentes. Os sintomas são semelhantes à enxaqueca dos adultos: dor intensa, pulsátil e com intolerância ao ruído e à luz. “Mas nas crianças e adolescentes a enxaqueca é mais bilateral do que unilateral”, explica José Pedro Vieira, responsável pelo serviço de Neuropediatria do Hospital Dona Estefânia. O diagnóstico nem sempre é bem aceite pelos pais, alguns ficam desconfiados porque temem algo pior. “É uma doença que leva as crianças às urgências e que muitas vezes obriga a um internamento por pressão dos pais”, explica o neuropediatra. “Uma atitude de alarme que às vezes agrava a dor de cabeça das crianças.” O tratamento é feito com os mesmos medicamentos usados nos adultos, mas em doses mais baixas e por períodos máximos de seis meses. “São bastante eficazes e bem tolerados. Muitas vezes suprimem as enxaquecas.” Mas nas crianças há uma dificuldade: “A eficácia dos analgésicos depende se forem tomados precocemente. Não é o que acontece com as crianças, porque não têm acesso aos medicamentos. Quando os tomam, acabam por vomitar e os medicamentos não são ingeridos.”