SÁBADO

O extravagan­te chef turco que serviu Nicolás Maduro

Também já cozinhou para Maradona ou Leonardo DiCaprio. Nos seus pratos, a carne é a estrela, mas o espectácul­o é só dele.

- Por Maria Espírito Santo

Éum gesto simples: com o antebraço virado para o público e a mão curvada, deixa cair o sal grosso, que se espalha na mesa, pelo chão, no colo dos clientes e, claro, na carne fatiada. Veste uma T-shirt justa (ora branca ora preta), tem o cabelo atado, óculos escuros e uma expressão de desprezo: usou este ritual, que o tornou uma estrela das redes sociais, para servir várias personalid­ades. Este mês foi a vez de Nicolás Maduro, que ficou debaixo de fogo pelo contraste entre a sua refeição farta e luxuosa e a fome na Venezuela.

Nusret Gökçe, que ficou conhecido como Salt Bae, é o protagonis­ta deste espectácul­o que atrai os cliente (entre eles estrelas da moda, cinema e futebol como Naomi Campbell, Leonardo DiCaprio, David Beckham ou Maradona) aos seus restaurant­es em Istambul, Dubai, Abu Dhabi, Miami e Nova Iorque. A conta que se paga é gorda –os pratos podem chegar a cerca de 230 euros. Nascido em Erzurum, Turquia, em 1983, cresceu numa família humilde. O pai era mineiro e Nusret soube, desde cedo, que tinha de trabalhar. Na adolescênc­ia, desistiu da escola para se tornar aprendiz de talhante e anos depois iria para a Argentina aprender tudo sobre carne. Abriu o primeiro restaurant­e em Istambul em 2010: tinha meia dúzia de mesas e 10 funcionári­os. Impression­ado com a carne e com o conceito, um empresário turco decidiu investir na cadeia de grelhados, Nurs-et. Quatro anos depois, estava a abrir as portas de uma nova casa, no Dubai. A fama atingiu um nível sem precedente­s quando, em Janeiro de 2017, um dos seus vídeos a temperar carne (intitulado Ottoman Steak) se tornou viral – o facto de Bruno Mars ter partilhado a imagem do chefpode ter ajudado. Este vídeo já ultrapasso­u os 16 milhões de visualizaç­ões no Instagram, onde a sua conta o mostra a acariciar, temperar e cortar pedaços de carne.

Arte e críticas

“Vejo o meu trabalho como uma arte, porque faço da carne arte e aquele movimento é como o toque final. Vem de dentro de mim”, contou o chefem entrevista ao The New York Times. O artigo descreve como vive em Nova Iorque: dorme no luxuoso Plaza Hotel e come claras de ovo e papas de aveia para manter a energia. Apesar de todas as polémicas e sucesso nas redes sociais, pouco se sabe sobre a vida privada do extravagan­te turco: tem 13 filhos, mas é solteiro, fala pouco inglês e tem um dia-a-dia regrado, adianta o jornal norte-americano. Em Nova Iorque, o restaurant­e foi recebido com reacções mistas, entre as más críticas à comida (muitos referem que a carne não tem sabor ou é dura) e o espanto com o espectácul­o. É que, ao contrário da carne, o momento em que o chefvai à mesa é memorável. E ninguém resiste a fazer mais uma foto ou vídeo.

COMEÇOU NA TURQUIA. HOJE TEM RESTAURANT­ES DO DUBAI A ABU DHABI, MIAMI E NOVA IORQUE

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Aqui está o gesto de que toda a gente fala. O ritual manda que o chef turco lance o sal grosso em plena mesa, depois de cortar a carne

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