Exílio africano nos Açores
Uma reportagem do jornalista Tiago Carrasco revela-lhe nestas páginas aquele que não pode deixar de ser considerado um dos mais inacreditáveis episódios da diplomacia portuguesa. A coincidir com os 35 anos da decisão de trasladar os restos mortais de Gungunhana para Moçambique, lembramos a rocambolesca história que levou a que as ossadas de um desconhecido andassem semanas no porta-bagagens de um carro do governo, até que as autoridades concordaram que seria incorrecto devolver a Moçambique uns ossos quaisquer, sem a certeza de que pertenceriam ao régulo africano. Mas a narrativa deste exílio é bem mais do que isso: o jornalista recolheu documentos e imagens sobre os 10 anos de exílio de Gungunhana na ilha Terceira. Ali, o chefe moçambicano caçava coelhos com um pau afiado e fazia cestas de vime para vender a visitantes; também descobriu os descendentes de outro régulo exilado, Zixaxa, mas estes não falaram com a SÁBADO: estão obrigados a sigilo por força de um contrato com uma produtora inglesa que realiza um documentário sobre o tema. Uma grande reportagem para ler a partir da página 64.
Sporting e turismo
No início, Luiz Godinho Lopes não estava muito interessado em falar do Sporting, o seu clube do coração, no qual foi um dos responsáveis pela construção do estádio de Alvalade (entre 1999 e 2003), do qual foi presidente (2011 a 2013) e do qual foi expulso de sócio por iniciativa de Bruno de Carvalho. “Dediquei seis anos da minha vida ao Sporting, mas tenho 66 anos, fiz muito mais coisas”, disse ao editor executivo Carlos Torres. Mas em 100 minutos de entrevista, falou mesmo do Sporting, entre vários momentos da sua vida, a começar na infância na Beira, Moçambique. Num fim de tarde, no Estoril, à beira de uma piscina onde alguns ingleses ainda nadavam às 20h, não resistiu a observar: “Andase a falar em bolha, mas isso é uma discussão ridícula, porque ainda temos capacidade para recebermos mais turistas. Antes dos turistas, as Baixas de Lisboa e do Porto estavam a morrer, com o comércio em agonia e as casas a cair. Por isso, não vamos criticar os turistas.”
“Tão normal quanto possível”
A conversa da subeditora Sara Capelo com Margarida Cruz, coordenadora da Associação Acreditar, durou hora e meia e aconteceu na sede que a associação tem em Lisboa. Havia crianças a ver desenhos animados na televisão e mães a cozinhar na cozinha, com cheiro de cebola picada no ar. Margarida Cruz gosta de dizer que, no tempo que passam na Acreditar, as famílias tentam manter “uma vida tão normal quanto possível” – e é isso que se vê nestas pequenas coisas. Uma conversa para ler nas páginas 36 a 37.