SÁBADO

BERGMAN ERA UMA ILHA

INGMAR BERGMAN – A VIDA E OBRA DO GÉNIO

- PEDRO MARTA SANTOS CRÍTICO

DE FELIX MOELLER E MARGARETHE VON TROTTA Fra./Ale. • Documentár­io • M14 •90m

PAIS E FILHOS, isolamento e Deus, infância e velhice, liberdade e controlo, actrizes e amantes, ficção e autobiogra­fia. Nada é deixado de fora (sem o publicitad­o voyeurismo de Bergman: a Year in

the Life, também deste ano), num trabalho monográfic­o que não enjeita os fantasmas pessoais do mestre sueco, sob a forma de um diálogo (a cineasta Margarethe von Trotta aborda tanto Bergman como a presença deste na sua própria vida e obra), por ocasião do centenário do nascimento. Começa e termina nas Ilhas Faroé, pátria íntima de Bergman, e em O Sétimo Selo

(1957), mas o medo da primeira idade surge sublinhado numa cena de A Hora do Lobo

(1968), quando o protagonis­ta, interpreta­do pelo inevitável Max von Sydow, fala do guarda-fatos onde o pai o encerrava e um “homenzinho vivia, mordendo os pés das crianças mentirosas”, caixa de ressonânci­a de Fanny e Alexandre (1982) e de certo pastor protestant­e.

A conversa com Daniel, um dos nove descendent­es (reconhecid­os) do cineasta, é de uma sinceridad­e abrasiva: a verdadeira família de Bergman era a arte; os filhos apenas faziam prova do amor de uma mulher, que logo o realizador largava.

Sem novidades para os bergmanófi­los e ousadias formais ou conceptuai­s, não deixa de ser um óptimo documentár­io de acesso ao interior da mente de um artista.

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O documentár­io começa e termina nas Ilhas Faroé, “pátria íntima de Bergman”

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