SÁBADO

TEMPO DE MUDAR

HAPPY HOUR: HORA DA ALEGRIA

-

SEM O ÍMPAR confronto plástico e narrativo entre o desígnio colectivo e os episódios individuai­s de um Edward Yang, ou o brilhante ascetismo de um Hirokasu Koreeda, o japonês Ryusuke Hamaguchi construiu e desenhou em 2015 este byobu contemporâ­neo com mais de cinco horas, divido em três painéis (cada uma das partes estreará ao longo das próximas duas semanas), sobre quatro mulheres, Fumi, Jun, Sakurako e Akari, que partilham confissões até Jun, após derrota judicial num divórcio, desaparece­r. Percebe-se que Hamaguchi é um admirador respeitoso de Ozu e do seu inimitável trabalho sobre o tempo, mas o processo

DE RYUSUKE HAMAGUCHI Jap. • Drama • M12 • 317m Com Sachie Tanaka e Hazuki Kikuchi

de redescober­ta individual de cada uma das protagonis­tas, provocado por aquela súbita disrupção, exige um fôlego contemplat­ivo que não necessita de 317 minutos (Primavera

Tardia ou O Gosto do Saké não chegam a duas horas, e têm lá dentro toda a esperança e tristeza do mundo). Como um puzzle íntimo onde os episódios ora se confrontam, ora se acumulam, tem actrizes magníficas, todas descoberta­s em wokshops de interpreta­ção, e a sugestão de ubiquidade machista é traduzida por minuciosos enquadrame­ntos. Mas há limites, mesmo em Rohmer, do número de minutos que se aguenta uma conversa num carro ou à mesa.

 ??  ?? Fumi, Jun, Sakurako e Akari partilham confissões pessoais até Jun desaparece­r
Fumi, Jun, Sakurako e Akari partilham confissões pessoais até Jun desaparece­r

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal