A promoção de Salazar
Vasco Ribeiro, o investigador da Universidade do Porto que publicou este mês um artigo científico sobre a campanha de Salazar nos EUA para promover Portugal (entre 1951 e 1962), tem no computador centenas de cópias de documentos do Arquivo Salazar e de capas e recortes de imprensa. Desde que, em 2014, se deparou com o relatório da George Peabody Jr. and Associates que a investigação não parou: há sempre mais uma revista ou mais um guia de viagens com o dedo do publicitário americano. Por isso, a Vasco Ribeiro já não chega o computador. As estantes de casa e até uns caixotes no sótão albergam uma colecção, sempre a crescer, de mais um item a ilustrar a dimensão gigantesca da campanha do Estado Novo – e até agora desconhecida. A editora Maria Henrique Espada consultou esse arquivo com o autor e conta-lhe como se construiu uma mudança de imagem paga a peso de outro. Ou melhor, em milhões de dólares (págs. 36 a 46).
Os artistas abandonados
Após a polémica entre Graça Lobo e a Casa do Artista, em Agosto, o jornalista Tiago Carrasco sabia que era fundamental contar com a actriz para a reportagem sobre as dificuldades vividas pelas estrelas do teatro e da TV quando chegam à terceira idade. Da primeira vez que ligou para o Lar da Santa Casa para onde Graça Lobo tinha sido levada, disseram-lhe que só podia falar com ela com autorização da família. Contudo, dias depois, a actriz atendeu o telefone: “Mas qual autorização? Venha cá que se não o deixarem entrar eu faço com que deixem.” A entrevista com Graça Lobo é uma das cinco que compõem um texto em três actos que nos remete para um drama em cena. Há também as histórias de Ruy de Carvalho, Eládio Clímaco, Irene Cruz e António Cordeiro. Conheça-as nas páginas 74 a 79.
Treinar astronautas nas grutas
“Estou em campo, não sei se a ligação vai ser muito boa.” Essa foi a primeira coisa que a subeditora Vanda Marques ouviu quando contactou, por telefone, o espeleólogo e geólogo italiano Francesco Sauro. Estava em Lanzarote (Espanha) a treinar astronautas. É que explorar uma caverna nunca antes vista é quase o mesmo que aterrar em Marte. Dali a pouco voltou a interromper a conversa para se abrigar da chuva – estavam acampados a explorar o terreno vulcânico e não escolheram grutas difíceis porque é preciso proteger os astronautas. “Eles são um investimento caro… Não vamos correr riscos.” Francesco, que já partiu os dois tornozelos, fala da espeleologia num tom directo e frio. A nós pode parecer-nos perigoso andar preso a cordas e descer por buracos de centenas de metros ou ficar preso numa caverna durante três dias por causa de uma inundação. Mas ele mostra-se tranquilo e até compara os perigos das expedições aos riscos do trânsito. Para ler nas páginas 80 a 83.