A “maioria alternativa” e os recuos estratégicos
h José Sócrates inventou a expressão “coligação negativa”. E essa é uma boa maneira de identificar o que aconteceu na votação na especialidade deste Orçamento. Por várias vezes, PSD, CDS, BE, PCP e PEV se juntaram naquilo a que a presidente da Comissão de Orçamento e Finanças, Teresa Leal Coelho, preferiu chamar “maioria alternativa”.
Foi o que aconteceu, por exemplo, no caso do Fundo de Financiamento para a Descentralização, um mecanismo essencial para pôr em prática esta reforma que só teve os votos a favor do PS. Uma pouco comum conjugação de PSD, CDS, BE, PCP e PEV permitiu também aprovar um concurso extraordinário para ingresso no internato médico e um procedimento para contratar oficiais de Justiça até Junho de 2019 (ambas propostas do Bloco de Esquerda). Nestas aritméticas políticas houve, contudo, alguns recuos. BE e PCP pediram para repetir votações depois de perceberem que em alguns casos os seus votos tinham sido decisivos para derrotar o PS e o Governo. Um exemplo: a abertura de um concurso para reforçar os quadros da Polícia Judiciária (proposta pelo PSD) tinha sido aprovada com a ajuda dos parceiros do Governo, que acabaram por mudar o sentido de voto. Pouco depois, seria aprovada uma proposta idêntica do BE, com os votos de PS e PCP.