SÁBADO

Tiago Bettencour­t fala à SÁBADO a propósito do concerto de 15 anos de carreira

Com 15 anos de carreira, Tiago Bettencour­t prepara-se para apresentar um resumo dos seus últimos discos em formato 360º, no Coliseu dos Recreios. Falámos com o músico sobre o percurso que o trouxe dos Toranja até aqui.

- Por Pedro Miranda

do concerto no Coliseu dos Recreios, Tiago Bettencour­t já está atarefado com os preparativ­os para uma noite que promete. Pedimos uns minutos ao músico para falar dos anos que levaram a esta aclamação da sua carreira a solo.

A Procura [título do último álbum] é por um novo som?

Os nomes que dou aos álbuns serviriam a qualquer um: essa procura acontece em todos. Desde os Toranja, em que não tinha noção do que era ir para estúdio, até este, em que os sintetizad­ores vieram para a linha da frente, passando por um som mais rock n’O Jardim, acústico no Em Fuga ou electrónic­o no

Do Princípio. Simplesmen­te calhou ser o nome deste álbum.

A mudança é bem recebida pelos fãs?

A Carta dos Toranja chegou a um público que não era o nosso: fazíamos rock e tínhamos fãs do Tony Carreira a ouvir o tema. A carreira a solo filtrou o público que quer tudo sempre igual, e quem gostava mesmo, ficou. Percebeu o que estávamos a fazer, e por isso sabe que não pode esperar que fique parado. No novo milénio surgiram bandas boas mas que parecem fazer sempre a mesma canção. Essa não é a minha maneira de estar; quem me ouve, sabe-o.

Sente-se preso aos hits?

Quem conhece o meu trabalho sabe que os hits não são o importante. São para quem não conhece o meu trabalho. A partir do momento em que conhecem, sabem que há muito mais.

Que visão tem da sua carreira, após 15 anos?

Não faria nada diferente. Entrei para este mundo de maneira inesperada. Não tinha ambição de ser músico, fiz um disco durante o curso de Arquitectu­ra e tive sucesso. Tive a sorte ou o azar de poder registar tudo em disco e acho que o fiz de forma verdadeira. Orgulho-me disso.

Como encara o estado actual da música portuguesa?

Há gente a fazer coisas boas, mas quase nada chega às pessoas porque também há muita música má, comercial, a ser feita. Há muitos artistas a olhar para a música como um negócio, sabem bem de quem têm de ser amigos. E de repente este meio parece o mundo empresaria­l. Programas de novos talentos também não ajudam: busca-se o reconhecim­ento, mesmo sem conteúdo.

Perdeu-se espaço para a boa música no mainstream?

É muito menor do que quando os Ornatos Violeta ou os Clã estavam no auge. Eram bandas muito boas, com letras e arranjos porreiros, e realmente sinto que a fasquia baixou em termos de qualidade, no mainstream, mas há gente a fazer muito boa música: Capitão Fausto, Cassete Pirata, Benjamim, Carminho...

Como vai ser o concerto no Coliseu de Lisboa?

Vai ser em formato 360o, por ser Dezembro, o mês do circo. O alinhament­o junta A Procura, aos últimos 3, 4 anos, com temas que não costumo tocar e aos quais as pessoas reagiram já em 2018. Quem compra um bilhete para me ver no Coliseu está à espera de um concerto especial, não que chegue lá e comece a despachar hits.

Bettencour­t apresenta A Procura ,oseu sexto álbum, ao lado de material dos “últimos 3, 4 anos”, no dia 6, quinta, no Coliseu de Lisboa

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O formato de álbum, para ouvir do início ao fim, é o ideal de Tiago: “Para bem da minha sanidade, há-de estar sempre presente”

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