SÁBADO

ONOVO DDT(DONO DOTOBIAS)

Duas moradias em Tróia, uma casa em Lisboa, salário de €31 mil, dois carros de luxo, o cão Tobias, a grande paixão pelo fado e a mulher que até se chama Amália

-

Há várias histórias a circular em Tróia e na Comporta sobre Tomás Correia. Nada grave – são histórias que indiciam uma personalid­ade com, no mínimo, alguma excentrici­dade. Uma delas remete para uma das moradias que tem em Soltróia, e cuja inauguraçã­o, em 2011, ainda hoje é lembrada pelos vizinhos do pacato empreendim­ento pelo facto de ter tido um espectácul­o de fogo-de-artifício. E uma pequena sessão de fados, uma vez que Tomás Correia tem veia de fadista. Até a mulher (segundo casamento, uma ex-secretária) se chama Amália.

A outra história é o cão Tobias, que os donos gostam de ocasionalm­ente levar para restaurant­es e servir-lhe um bife à mesa, como fez um dia numa afamada casa de pasto à beira da estrada na Comporta.

Ainda em Tróia, António Tomás Correia é presidente da Mesa da Assembleia-Geral da Aprosol, a associação de proprietár­ios local. Já era e continua a ser após as eleições que decorreram no fim-de-semana de 8 e 9 de Dezembro. Apesar do cargo, Tomás Correia faltou à assembleia eleitoral, apurou a SÁBADO.

As vivendas em Tróia são para as férias e fins-de-semana. No dia-a-dia, Tomás Correia vive no Parque das Nações, uma das zonas mais caras de Lisboa. O seu salário, apurou a SÁBADO, será de €31 mil euros, mais carro e cartão de crédito com

plafond mensal de €25 mil. O banqueiro tem uma boa justificaç­ão para ter faltado ao acto eleitoral da Aprosol. No mesmo fim-de-semana decorreram as eleições para a Associação Mutualista Montepio Geral, onde concorria para um quarto mandato – e que venceu com 43,2% dos votos.

Os processos

Tomás Correia arcou com quatro processos. Um deles começou em 2017, já foi arquivado e estava relacionad­o com três crimes num processo de insolvênci­a dolosa e burla qualificad­a na venda de um terreno em Coimbra. Outro caso nasceu da Operação Marquês. Tomás Correia foi constituíd­o arguido por suspeita de ter recebido indevidame­nte 1,5 milhões de euros do empresário da construção civil José Guilherme. Seguiram-se dois processos do Banco de Portugal (BdP). Um por alegado afrouxamen­to de regras de concessão de crédito, no caso a duas sociedades do antigo Grupo Espírito Santo, quando o mesmo estava (2014) em públicas dificuldad­es. Como se previa, daqui resultaram imparidade­s para o Caixa Económica Montepio Geral (CEMG). Têm, alias, surgido na imprensa notícias que sugerem uma relação privilegia­da Tomás Correia-José Guilherme-Ricardo Salgado.

No outro caso, o BdP acusou a administra­ção de Tomás Correia, à frente da CEMG, por não ter implementa­do mecanismos de prevenção ao branqueame­nto de capitais a Pessoas Politicame­nte Expostas.

O PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO MUTUALISTA ENFRENTA QUATRO PROCESSOS – UM DELES JÁ ARQUIVADO

 ??  ?? A “coutada” de Tróia Tomás Correia tem no condomínio Soltróia duas moradias – a da direita é ocupada pelo filho. Cada uma valerá cerca de 2 milhões de euros
A “coutada” de Tróia Tomás Correia tem no condomínio Soltróia duas moradias – a da direita é ocupada pelo filho. Cada uma valerá cerca de 2 milhões de euros
 ??  ?? Dois carros de luxo Guia um Mercedes 300 S (é o único a guiar um classe S no Montepio). Na garagem da sede do banco tem ainda um Jaguar, que usa ocasionalm­ente
Dois carros de luxo Guia um Mercedes 300 S (é o único a guiar um classe S no Montepio). Na garagem da sede do banco tem ainda um Jaguar, que usa ocasionalm­ente
 ??  ?? Sob a sua gestão, o banco tem tido sangria de clientes e capitais próprios
Sob a sua gestão, o banco tem tido sangria de clientes e capitais próprios

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal