A vida de luxo dos banqueiros intocáveis
Os bancos que dirigiam tiveram prejuízos de muitos milhões de euros. Os cinco foram alvo de processos judiciais, acusados e alguns deles condenados – mas nenhum chegou a cumprir pena.
Alista de despesas é longa: €1,5 mil milhões para o BPI (já reembolsados), €3,9 mil milhões para a CGD (recapitalização), €2,9 mil milhões para o Banif, €4,7 mil milhões para o BPN, €3 mil milhões para o BCP (já reembolsados), €3,9 mil milhões para o BES e €450 milhões para o BPP (recuperáveis a breve prazo).
No total, o Estado perdeu, emprestou ou injectou nos bancos cerca de 20 mil milhões de euros. Além dos efeitos nas contas públicas, o desastre de gestão levou a que a banca portuguesa praticamente tenha desaparecido de mãos portuguesas.
Com excepção da CGD, os principais bancos passaram a ter capital dominante estrangeiro. O BCP tornou-se chinês (e angolano). O Novo Banco (ex-BES) agora é americano e o BPN foi comprado pelos angolanos do BIC. O BPI é espanhol. O BPP e o Banif acabaram e o Santander continua a ser espanhol. Esta hecatombe de dinheiro público e de soberania nacional na banca tem várias explicações. Algumas referem-se a repetidas más práticas, irregularidades e crimes cometidos pelos banqueiros portugueses até 2008 (alguns mais tarde, como foi o caso de Ricardo Salgado, que saiu do BES apenas em 2014, ou Tomás Correia, do Montepio, que está agora a enfrentar acusações). Alguns desses problemas estão já sinalizados em processos judiciais, coimas e julgamentos. Outros, aguardam decisão.
Dos bancos acima descritos, é possível sinalizar cinco nomes, cindo presidentes de conselhos de administração, cinco banqueiros. Dos 20 mil milhões injectados pelo Estado, as instituições que dirigiam receberam €12 mil milhões. O que lhes aconteceu depois disto tudo?