O ANO DE TODAS AS DECISÕES
A política vai andar animada em 2019. Há contestação social anunciada, eleições decisivas e políticos a lutar pela sobrevivência.
Se este fosse um horóscopo, podia dizer-se que 2019 trará decisões importantes e potencial para grandes mudanças. Mesmo sem bola de cristal, é seguro arriscar que o ano político que aí vem será no mínimo animado. Haverá greves com fartura, eleições em dose tripla e o futuro de alguns dos atores políticos poderá mudar para sempre. Aqui fica um guia para não se perder no que aí vem, mês a mês.
JANEIRO Parlamento animado
O ano arranca com grandes dossiês a serem discutidos pelos deputados. Hoje, dia 3, há discussão da proposta de
Lei de Bases escrita por Helena Roseta e subscrita pelo PS. Com propostas do BE e do PCP em cima da mesa, é possível que baixe tudo à comissão sem votação. Mas será o pontapé de partida para a discussão sobre o tema. A comissão de inquérito ao roubo de Tancos e uma petição de cidadãos sobre a Lei de Bases da Saúde também estão na agenda dos parlamentares. Fora da Assembleia, o mês é marcado por greves na Saúde e pelo regresso à negociação com os docentes.
FEVEREIRO Justiça em polvorosa
A contestação está em alta. Os enfermeiros mantêm a “greve cirúrgica”, mas não são os únicos na luta: o Ministério Público vai parar contra as propostas de PS e PSD de alteração ao seu estatuto. E os juízes iniciam uma paralisação de um dia por mês até outubro, em protesto pela falta de acordo na revisão do Estatuto dos Magistrados Judiciais.
MARÇO Mudanças na lei laboral?
O PS deve apresentar em janeiro as suas propostas de alteração às leis laborais que saíram da concertação social. Mas Carlos César definiu como limite desejável para a aprovação do novo pacote legislativo o final do primeiro trimestre. Certo é que este é um dossiê que causa alguma tensão entre PS e Governo e entre os socialistas e a esquerda.
ABRIL As previsões de Centeno para Bruxelas ver
Com a campanha para as europeias animada, vai ser curioso assistir aos tradicionais discursos de 25 de Abril e ver as mensagens escondidas que trazem. Este é também o mês em que das Finanças sai para Bruxelas o Programa de Estabilidade. Um documento que pode levar uma revisão em baixa do défice previsto no Orçamento.
MAIO O primeiro teste eleitoral
Dia 26 de maio é a primeira de três idas às urnas este ano. Nestas europeias, António Costa tentará medir o pulso à aprovação dos portugueses, Rui Rio tem a sua primeira prova de fogo, Assunção
Cristas vai tentar manter a onda de subida iniciada em Lisboa, BE e PCP testam as águas para ver se os eleitores valorizaram o que a esquerda conseguiu na “geringonça”, o Aliança de Pedro Santana Lopes vai tentar provar o que vale e André Ventura experimenta a fórmula populista em Portugal. Os resultados que saírem destas eleições são,
por isso, especialmente importantes cá dentro. Mas é o futuro da Europa – onde há cada vez mais populistas e eurocéticos – que se joga nesta eleição.
CASO DO ROUBO DE TANCOS VAI ESTAR EM DESTAQUE POR CAUSA DA COMISSÃO DE INQUÉRITO
JUNHO O futuro do euro
A Cimeira do Euro deste mês pode ser decisiva. Depois das eleições, a Europa volta a debater o futuro da moeda única e o guião da discussão passa pelas propostas de Mário Centeno. Em cima da mesa estará a conclusão da união bancária e um orçamento para a convergência e a competitividade, tendo como horizonte o quadro de apoios para o período 2021/2027.
JULHO Um novo SNS?
Chegados ao fim do ano parlamentar, os deputados já só devem ter as eleições na cabeça. Mas se se cumprir o objetivo de acabar a legislatura com uma nova Lei de Bases da Saúde, este é o mês limite para o conseguir. Resta saber se haverá condições políticas para isso e em que termos, depois de Carlos César ter deixado claro que novas leis de bases só com “consensos”.
AGOSTO A prova de fogo da época de incêndios
Com o calor a apertar e a temperatura política ao rubro pela proximidade das eleições, agosto pode ser um mês sensível para António Costa. É essencial que o Governo passe por uma época de incêndios sem sobressaltos de maior que deem razão ao discurso que PSD e CDS têm vindo a fazer em torno das “falhas do Estado”.
SETEMBRO O bailinho da Madeira
Dia 22 os madeirenses vão a votos e o PS espera acabar com o reinado do PSD no arquipélago. Será que consegue?
OUTUBRO A grande decisão
Dia 6 há legislativas com muitas incógnitas. Costa sonha com a maioria absoluta, mas pode ter de recorrer a novos tipos de acordos de geometria variável (à direita e à esquerda). E Rio poderá ter a cabeça a prémio em caso de desaire do PSD.
NOVEMBRO Orçamento à vista?
Com as eleições em outubro, fica adiado o Orçamento do Estado. Essa é uma tarefa para o Governo que sair das legislativas e só esse resultado ditará o quão difícil será a negociação e a aprovação do documento.
DEZEMBRO E agora?
No fim de um ano tão animado, o sempre interventivo Marcelo Rebelo de Sousa fará 71 anos e estará prestes a embarcar no último ano do seu mandato. As presidenciais serão só em 2021 e Marcelo deve guardar o suspense até à última sobre a sua recandidatura. Mas por esta altura não faltará quem faça apostas sobre se o Presidente se recandidata (a opção mais provável) ou se cumpre a promessa inicial de um mandato único.
ELEIÇÕES EUROPEIAS, REGIONAIS DA MADEIRA E LEGISLATIVAS PÕEM O PAÍS QUASE UM ANO EM CAMPANHA