SÁBADO

O ANO DE TODAS AS DECISÕES

A política vai andar animada em 2019. Há contestaçã­o social anunciada, eleições decisivas e políticos a lutar pela sobrevivên­cia.

- Por Margarida Davim

Se este fosse um horóscopo, podia dizer-se que 2019 trará decisões importante­s e potencial para grandes mudanças. Mesmo sem bola de cristal, é seguro arriscar que o ano político que aí vem será no mínimo animado. Haverá greves com fartura, eleições em dose tripla e o futuro de alguns dos atores políticos poderá mudar para sempre. Aqui fica um guia para não se perder no que aí vem, mês a mês.

JANEIRO Parlamento animado

O ano arranca com grandes dossiês a serem discutidos pelos deputados. Hoje, dia 3, há discussão da proposta de

Lei de Bases escrita por Helena Roseta e subscrita pelo PS. Com propostas do BE e do PCP em cima da mesa, é possível que baixe tudo à comissão sem votação. Mas será o pontapé de partida para a discussão sobre o tema. A comissão de inquérito ao roubo de Tancos e uma petição de cidadãos sobre a Lei de Bases da Saúde também estão na agenda dos parlamenta­res. Fora da Assembleia, o mês é marcado por greves na Saúde e pelo regresso à negociação com os docentes.

FEVEREIRO Justiça em polvorosa

A contestaçã­o está em alta. Os enfermeiro­s mantêm a “greve cirúrgica”, mas não são os únicos na luta: o Ministério Público vai parar contra as propostas de PS e PSD de alteração ao seu estatuto. E os juízes iniciam uma paralisaçã­o de um dia por mês até outubro, em protesto pela falta de acordo na revisão do Estatuto dos Magistrado­s Judiciais.

MARÇO Mudanças na lei laboral?

O PS deve apresentar em janeiro as suas propostas de alteração às leis laborais que saíram da concertaçã­o social. Mas Carlos César definiu como limite desejável para a aprovação do novo pacote legislativ­o o final do primeiro trimestre. Certo é que este é um dossiê que causa alguma tensão entre PS e Governo e entre os socialista­s e a esquerda.

ABRIL As previsões de Centeno para Bruxelas ver

Com a campanha para as europeias animada, vai ser curioso assistir aos tradiciona­is discursos de 25 de Abril e ver as mensagens escondidas que trazem. Este é também o mês em que das Finanças sai para Bruxelas o Programa de Estabilida­de. Um documento que pode levar uma revisão em baixa do défice previsto no Orçamento.

MAIO O primeiro teste eleitoral

Dia 26 de maio é a primeira de três idas às urnas este ano. Nestas europeias, António Costa tentará medir o pulso à aprovação dos portuguese­s, Rui Rio tem a sua primeira prova de fogo, Assunção

Cristas vai tentar manter a onda de subida iniciada em Lisboa, BE e PCP testam as águas para ver se os eleitores valorizara­m o que a esquerda conseguiu na “geringonça”, o Aliança de Pedro Santana Lopes vai tentar provar o que vale e André Ventura experiment­a a fórmula populista em Portugal. Os resultados que saírem destas eleições são,

por isso, especialme­nte importante­s cá dentro. Mas é o futuro da Europa – onde há cada vez mais populistas e eurocético­s – que se joga nesta eleição.

CASO DO ROUBO DE TANCOS VAI ESTAR EM DESTAQUE POR CAUSA DA COMISSÃO DE INQUÉRITO

JUNHO O futuro do euro

A Cimeira do Euro deste mês pode ser decisiva. Depois das eleições, a Europa volta a debater o futuro da moeda única e o guião da discussão passa pelas propostas de Mário Centeno. Em cima da mesa estará a conclusão da união bancária e um orçamento para a convergênc­ia e a competitiv­idade, tendo como horizonte o quadro de apoios para o período 2021/2027.

JULHO Um novo SNS?

Chegados ao fim do ano parlamenta­r, os deputados já só devem ter as eleições na cabeça. Mas se se cumprir o objetivo de acabar a legislatur­a com uma nova Lei de Bases da Saúde, este é o mês limite para o conseguir. Resta saber se haverá condições políticas para isso e em que termos, depois de Carlos César ter deixado claro que novas leis de bases só com “consensos”.

AGOSTO A prova de fogo da época de incêndios

Com o calor a apertar e a temperatur­a política ao rubro pela proximidad­e das eleições, agosto pode ser um mês sensível para António Costa. É essencial que o Governo passe por uma época de incêndios sem sobressalt­os de maior que deem razão ao discurso que PSD e CDS têm vindo a fazer em torno das “falhas do Estado”.

SETEMBRO O bailinho da Madeira

Dia 22 os madeirense­s vão a votos e o PS espera acabar com o reinado do PSD no arquipélag­o. Será que consegue?

OUTUBRO A grande decisão

Dia 6 há legislativ­as com muitas incógnitas. Costa sonha com a maioria absoluta, mas pode ter de recorrer a novos tipos de acordos de geometria variável (à direita e à esquerda). E Rio poderá ter a cabeça a prémio em caso de desaire do PSD.

NOVEMBRO Orçamento à vista?

Com as eleições em outubro, fica adiado o Orçamento do Estado. Essa é uma tarefa para o Governo que sair das legislativ­as e só esse resultado ditará o quão difícil será a negociação e a aprovação do documento.

DEZEMBRO E agora?

No fim de um ano tão animado, o sempre interventi­vo Marcelo Rebelo de Sousa fará 71 anos e estará prestes a embarcar no último ano do seu mandato. As presidenci­ais serão só em 2021 e Marcelo deve guardar o suspense até à última sobre a sua recandidat­ura. Mas por esta altura não faltará quem faça apostas sobre se o Presidente se recandidat­a (a opção mais provável) ou se cumpre a promessa inicial de um mandato único.

ELEIÇÕES EUROPEIAS, REGIONAIS DA MADEIRA E LEGISLATIV­AS PÕEM O PAÍS QUASE UM ANO EM CAMPANHA

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