DÍPTICO DE JOSEF NADJ NO PORTO
Desta vez, o artista e coreógrafo traz um díptico: Mnémosyne é uma exposição de fotografia para ver até ao dia 25 no Mosteiro de São Bento da Vitória mas também uma performance.
Josef Nadj, coreógrafo e artista plástico francês, tem ascendência sérvia e vivência húngara – agora oferece ao público uma obra global
“UMA OBRA DE ARTE TOTAL” – como chamou a Mnémosyne a jornalista e crítica Marylène Malbert – é o que propõe o coreógrafo e artista plástico francês, de ascendência sérvia e vivência húngara, Josef Nadj, a ver no Mosteiro de São Bento da Vitória até 25 de janeiro. “Trinta anos após a criação da sua primeira performance
[Canard pékinois, de 1987], Nadj oferece-nos uma obra global, associando um projeto fotográfico a uma performance cénica”, explica ainda Malbert, num texto escrito a partir de uma entrevista ao criador, que desde os tempos de estudante, na escola de Belas-Artes de Budapeste, nunca deixou de fotografar, especificando que “para Mnémosyne,
Nadj concebeu uma extensa exposição fotográfica e uma caixa preta em que se encena a si próprio – entre a representação, a dança e a performance –, a uma curta distância do seu público”.
Já não é a primeira vez que Nadj se apresenta no Porto. Antes, trouxe à cidade os quadros vivos de Les Corbeaux
(2011) e o teatro artesanal e poético de ATEM – Le souffle
(2012). No entanto, Mnémosyne
– em estreia nacional – é “um projeto maior”, por fundir diferentes disciplinas artísticas. Até 25 de janeiro, diariamente entre as 15h e as 18h, com entrada grátis, a exposição questiona as nossas memórias e heranças, já que, como diz o seu criador, “Mnémosyne poderá traduzir-se como a memória de um mundo”. Aproveitando as próprias memórias de infância e juventude, eternizadas em fotografia, Nadj concebeu um projeto que coloca as rãs como modelos simbólicos do seu desejo de hibridização. Foi a visão destes animais dissecados e esmagados durante um passeio de bicicleta na sua terra natal que deu origem às 100 fotografias da mostra, cada uma a contar uma história. A ela junta-se – também no Mosteiro de São Bento da Vitória, de 17 a 20 de janeiro, na quinta às 19h e às 21h, na sexta às 19h, 21h e 23h, no sábado às 17h, 19h, 21h e 23h, e no domingo às 16h e 18h – a performance homónima, breve mas intensa, em que, junto à constelação de imagens, Nadj se encena a si mesmo numa caixa preta – microcosmos do mundo, tanto camera obscura como exíguo palco. “Cada movimento, cada ação, cada segundo é um eco da sua jornada, pessoal e artística, transfigurada por um desenho cénico na veia de Beckett”, lê-se no programa.