Festas e invasão
Ao preparar a reportagem que faz a capa desta edição da SÁBADO, sobre as maiores festas da alta sociedade, a redatora principal Ana Taborda ouviu falar num evento que uma fonte classificou como o único à altura do famoso baile Patiño, em 1968. Tinha sido organizado pelo alemão George Scheder, algures na década de 80, numa moradia de Cascais para mais de 300 pessoas. Problema: o empresário, que tinha estado ligado ao setor náutico e sido sócio da ETE – Empresa de Tráfego e Estiva, já não vivia em Portugal.
Foi apenas depois de um contacto com um empresário ligado a essa área que a repórter conseguiu um compromisso: alguém iria contactar a mulher de George Scheder e explicar-lhe que a SÁBADO queria falar com eles a propósito de uma festa com pelo menos 30 anos (na altura ninguém se conseguia lembrar do ano exato).
Daphne Scheder aceitou ouvir o que tínhamos para dizer – e quando Ana Taborda lhe ligou, o casal estava de visita a Portugal. Então, há cerca de duas semanas, George e Daphne Scheder sentaram-se num hotel do Estoril com a jornalista da SÁBADO a quem contaram todos os pormenores do chamado “baile a preto e branco” que serviu para celebrar o aniversário da mulher – e que contou, inclusive, com cisnes pretos e brancos alugados ao Jardim Zoológico de Lisboa (devidamente acompanhados pelo tratador). À jornalista da SÁBADO só faltou descobrir quantos anos Daphne tinha quando o marido lhe ofereceu este baile a preto e branco. “We don’t discuss that, forever young” (em português: não falamos disso, sempre jovens), respondeu a britânica diplomaticamente.
A primeira conversa do militar
Assim que abriu a porta de casa à subeditora Sara Capelo, o coronel Campos Andrada, que liderou a ocupação da sede da PIDE, após o 25 de Abril, estendeu-lhe a mão e disse-lhe: “Parabéns por me ter encontrado.” O objetivo da entrevista era recordar o seu papel, enquanto membro da polícia militar e a mando do Copcon, na invasão dos trabalhadores da Companhia das Águas de Lisboa à sede da empresa, em junho de 1976. Mas estranhando o cumprimento inicial, a jornalista perguntou-lhe o que queria dizer. Após todos estes anos, ninguém tinha falado com ele? Campos Andrada respondeu-lhe que estranhava essa ausência de contactos. Até porque, disse, via muitos factos errados a serem publicados, nomeadamente sobre quem tirou o quadro de Salazar da sede da PIDE, que ele tomou. Garante que ao contrário do que se pensa, foi ele que o sugeriu e os próprios inspetores da PIDE colocaram-se em cima das mesas para os tirar. Uma história para recordar a partir da pág. 56.
Boa semana.